Pequim instala sistemas antiaéreos em suas ilhas artificiais
Xi Jinping afirmou que “não queria a militarização” dessas ilhas no mar do sul da China
A China parece ter instalado sistemas “significativos” de armamento, incluindo baterias antiaéreas de grande tamanho, em cada uma das sete ilhotas artificiais construídas nas ilhas Spratly, no mar do sul da China. A denúncia de um centro de estudos norte-americano, baseada no exame de imagens por satélite, contradiz as declarações do próprio presidente Xi Jinping de que Pequim “não tem intenção de militarizar” essas ilhas.
A Iniciativa para a Transparência Marítima na Ásia (ATIM), do Centro de Estudos Estratégicos Internacionais (CSIS) começou a detectar a construção de estruturas hexagonais idênticas nos arrecifes de Fiery Cross, Mischief e Subi em junho e julho. Outros semelhantes já existiam nas quatro ilhotas restantes.
Em junho Pequim aguardava a decisão de uma corte de arbitragem internacional em Haia sobre seus pedidos de soberania no mar do sul da China, contra os quais as Filipinas apresentaram uma solicitação. A corte se pronunciou em 13 de julho contra a China, que reivindica a maior parte das águas desse mar, por onde passa anualmente um volume comercial de aproximadamente 5 trilhões de dólares (17 trilhões de reais).
“Parece que (as mais recentes) estruturas são uma evolução das fortificações defensivas que já estavam construídas nas instalações menores nos arrecifes Gaven, Hughes, Johnson e Cuarteron”, explica a ATIM em um relatório, intitulado “As novas defesas da China nas Spratly”. Nessas quatro ilhotas parecem existir baterias antiaéreas, de aproximadamente 7 metros de comprimento cada uma, e sistemas defensivos contra mísseis de cruzeiro.
As bases em Fiery Cross, Mischief e Subi são muito maiores. “Imagens prévias da construção desses edifícios mostravam que cada um possuía seis estruturas hexagonais em um círculo ao redor de uma torre central. Desde então, três dos hexágonos exteriores foram enterrados, enquanto os outros foram construídos em vários níveis, os mais exteriores mais baixos do que os interiores”. Todos têm uma torre, provavelmente equipada com um sistema de radares. A única exceção é Fiery Cross, por sua posição é possível que utilize o sistema do aeroporto que a China construiu na ilhota, diz a ATIM.
“Essas baterias e prováveis instalações de sistemas defensivos antimísseis mostram que Pequim fala sério sobre a defesa de suas ilhas artificiais no caso de um incidente militar no mar do Sul da China” diz a Iniciativa. “Entre outras coisas, seriam a última linha de defesa contra mísseis de cruzeiro lançados pelos EUA e outros contra essas bases aéreas que logo estarão funcionando”.
A China já construiu nessas ilhotas pistas de pouso, instalações portuárias e faróis, entre outras coisas. O país sempre afirmou que parte das atividades nas ilhas têm objetivos civis, como a observação meteorológica e a pesca, e o uso militar terá finalidades unicamente defensivas. Durante sua visita de Estado aos EUA em setembro de 2105, Xi disse que “as atividades de construção feitas pela China nas ilhas Nansha (Spratly) não têm objetivo militar e não prejudicam nenhum país, e a China não pretende militarizá-las”. Meses antes, os EUA acusaram a China de transportar armamento a essas ilhas.
De acordo com declarações do diretor da AMTI, Greg Poling, à agência Reuters, as construções que estão sendo finalizadas “são militarização. Os chineses podem argumentar que só têm propósitos defensivos, mas se estão construindo baterias antiaéreas gigantes e instalações para sistemas antimísseis, significa que estão se preparando para um futuro conflito”. “Poderiam utilizar caças e mísseis terra-ar amanhã mesmo se quisessem”, acrescentou.
O porta-voz do Ministério das Relações Exteriores chinês Geng Shuang defendeu essas atividades: “Acho normal que a China, em seu próprio território, realize obras e utilize os equipamentos defensivos necessários”.
As revelações do centro de estudos chegam quando a China olha com grande suscetibilidade a próxima Administração dos Estados Unidos, que poderá adotar uma posição mais dura contra Pequim. O presidente eleito, Donald Trump, acusou no domingo o Governo de Xi Jinping em uma entrevista concedida à rede de televisão Fox News de estar “construindo uma enorme fortaleza no mar do sul da China, algo que não deveria fazer”.
Nessa mesma entrevista, Trump ameaçou abandonar a política de “Uma China Única” – que desde os anos 70 norteia as relações diplomáticas dos EUA com Pequim e levou o país a manter relações somente informais com Taiwan – a menos que o Governo de Xi concorde com concessões em áreas como o comércio. Uma semana antes, o presidente eleito quebrou quatro décadas de protocolo ao aceitar uma ligação de Tsai Ing-wen, a presidenta de Taiwan, a ilha que a China considera parte inalienável de seu território.
No começo do ano, Pequim utilizou mísseis terra-ar nas ilhas Paracel, também localizadas no Mar da China Meridional e cuja soberania disputa com Taiwan e o Vietnã. As autoridades afirmaram à época que se tratava de uma medida de “autodefesa”.
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