Deputados governistas celebram Geddel em ato de defesa após escândalo
Ministro foi acusado de botar interesses pessoais acima do público em caso envolvendo prédio em Salvador
A acusação de que o ministro Geddel Vieira Lima, da secretaria de Governo, teria usado o cargo público para defender interesses particulares parecem não tê-lo enfraquecido, ao menos entre aliados do Governo Temer. É o que demonstraram 23 líderes da base governista na Câmara dos Deputados que, nesta terça-feira, entregaram um manifesto de apoio a Geddel. Poucos entenderam que o ministro teria cometido qualquer erro. O ato de suporte a um dos homens de confiança da gestão Michel Temer (PMDB) se iniciou com uma espécie de carreata entre o Congresso Nacional e o Palácio do Planalto e encerrou com a entrega do documento em uma solenidade improvisada no gabinete do próprio ministro.
Mais cedo, os parlamentares se reuniram com Geddel e o viram cair em lágrimas ao apresentar suas justificativas. Uma delas era de que seu jeito “despachado” às vezes deixava as pessoas desconfortáveis e, possivelmente, o ex-ministro Marcelo Calero não o entendeu, quando pediu para interferir no embargo de um edifício no qual tinha um apartamento, em Salvador.
O líder do PTB na Câmara, Jovair Arantes, alegou que Calero deu um “piti” desnecessário e que o ex-ministro da Cultura deveria ter cortado o assunto dizendo um não ao colega de Governo. “Precisa dar piti? Por que a palavra do ex-ministro tem mais força que a de Geddel? É uma conversa natural existente entre políticos. Em qualquer parte do país o político é demandado. O assunto se encerra quando você diz não”, afirmou Arantes, que se destacou como relator do impeachment da ex-presidenta Dilma, na Câmara.
Já o líder do DEM, Pauderney Avelino, disse que a postura do peemedebista não foi a mais adequada, mas minimizou a irregularidade. “Foi uma coisa paroquial. Somos todos falíveis. Agora é hora de passar por cima dessa falha, de cuidar do que temos de cuidar, que é o Brasil”.
O líder do Governo na Câmara, André Moura (PSC-SE), disse que o apoio irrestrito ao ministro ocorre porque o problema dele “foi uma questão pontual”. “Estamos demonstrando claramente que isso não vai contaminar nossa base nem os projetos do Governo em andamento”, afirmou Moura. Ao receber o documento de apoio, Geddel disse que agora, só viu aumentada sua “vontade de trabalhar com o Congresso”.
Calero, que pediu demissão do cargo alegando que estava sendo pressionado por Geddel, temia ser pego em algum ato ilícito. Por isso, decidiu não modificar a decisão do Instituto do Patrimônio Histórico Nacional (Iphan) que vetou a construção de um arranha-céu de 30 andares na capital baiana. Em um primeiro momento, o órgão autorizou que o luxuoso prédio poderia ter no máximo 13 andares. Depois do imbróglio, vetou toda a obra, até a conclusão das discussões.
No dia anterior, o presidente da República, Michel Temer, já havia demonstrado suporte ao seu ministro ao mandar seu porta-voz anunciar que ele seria mantido no cargo, mesmo diante do relato de que pressionou o ex-ministro Calero.
Investigado pela Comissão de Ética da Presidência da República pela suspeita de ferir o Código de Conduta da Alta Administração Federal e a Lei de Conflito de Interesses, Geddel tem até o início do próximo mês para apresentar sua defesa oficial. A sessão que deverá julgá-lo está prevista para ocorrer no dia 14 de dezembro. Para tentar evitar que a crise aumente no governo Temer, o ministro quer tentar antecipar a apresentação de seus argumentos e a realização de seu julgamento. A oposição ao peemedebista pediu que a Procuradoria-Geral da República também o investigue, mas ainda não houve uma manifestação oficial do Ministério Público.
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