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Coluna
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O perigo de um Trump no Brasil

Os brasileiros começaram a recusar os políticos tradicionais, que consideram “todos corruptos”

Trump discursa na noite dos resultados da eleição.
Trump discursa na noite dos resultados da eleição.John Locher
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O Brasil não está livre do perigo de que um Trump possa chegar ao Planalto.

Toda uma série de componentes que resultaram no esperado e temido resultado das eleições americanas, já estão germinando nesse país, o maior do continente, e que já está entre os grandes do mundo.

O Brasil sofre um forte clima de antipolítica. Os brasileiros começaram a repudiar os políticos tradicionais aos quais consideram como “todos corruptos”.

O eleitorado cristão deu a vitória a Trump, o defensor dos valores tradicionais e conservadores da família e da Pátria. E o Brasil possui um tecido religioso massivamente cristão entre católicos e evangélicos.

Trump também recebeu votos dos grupos de eleitores mais pobres, os desempregados, os desesperados, os que têm medo de tudo que pareça de esquerda. Recebeu os votos de grande parte dos latinos, também eles de raízes cristãs.

Recebeu os votos dos que já não acreditam nos partidos e buscam soluções novas na forma de se governar os povos. Nem mesmo seu partido, o Republicano, apostava totalmente nele.

A vitória de Trump, uma mancha negra na maior democracia do Planeta, no país mais rico e poderoso do mundo, deveria fazer soar o alarme em países com uma democracia mais frágil, também eles em busca de um caudilho que venha para salvá-los.

O Brasil não está livre desse perigo. Já começaram a aparecer os primeiros sintomas nas recentes eleições municipais. A mistura de essências religiosas conservadoras com o repúdio e até o desprezo pela política em um país fortemente dividido ideologicamente, com a esquerda social em profunda crise, constituem o melhor caldo de cultura para um Trump brasileiro em 2018 ou até mesmo antes.

Que não se esqueçam disso nesse momento de medo e preocupação mundial com a Casa Branca, todos os brasileiros que continuam apostando pela democracia como o único caminho para a paz e a prosperidade.

Que os políticos não se esqueçam disso. Que deixem de lado seus jogos perigosos de apostar por remendos ao invés de tentar transformar a política com reformas drásticas, começando pela indispensável e urgente reforma eleitoral.

Um Trump para o Brasil é hoje, mais do que ontem, uma possibilidade e um perigo que os brasileiros que continuam apostando nos valores democráticos e nos direitos das minorias e dos diferentes, devem condenar.

Hoje. Sem esperar o amanhã, que pode ser tarde demais.

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