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Oposição venezuelana adia julgamento político de Maduro após libertação de seis presos

Presidente da Assembleia Nacional anunciou suspensão da passeata que iria até o palácio presidencial

Henry Ramos Allup, presidente da Assembleia Nacional da Venezuela, nesta terça.
Henry Ramos Allup, presidente da Assembleia Nacional da Venezuela, nesta terça.Alejandro Cegarra (AP)

Toma lá, dá cá. A oposição da Venezuela reagiu nesta terça-feira ao gesto das autoridades chavistas de libertar seis presos políticos com a suspensão “por alguns dias” do planejado julgamento político que estava previsto para ter início no Parlamento, controlado pela oposição, contra o presidente Nicolás Maduro.

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A mudança na pauta foi proposta pelo deputado Julio Borges, líder da bancada da Mesa de Unidade Democrática (MUD). À saída da sessão, o presidente do Parlamento, Henry Ramos Allup, informou que a passeata convocada para esta quinta-feira, que pretendia avançar em direção ao palácio presidencial de Miraflores, também foi suspensa a pedido da Conferência Episcopal Venezuelana.

O papel da Igreja foi crucial para desarmar a bomba-relógio que significava o conflito na Venezuela. Isso foi admitido por Borges em seu discurso ao plenário. “O Vaticano pediu alguns dias”, disse ele. A Igreja goza da confiança dos dois lados, e isso tem grande relevância. Somente a sua incorporação ao diálogo na Venezuela, cujas gestões tiveram início em abril com um trio de ex-primeiros-ministros ibero-americanos, incluído José Luis Rodriguez Zapatero (Espanha), sob o patrocínio da Unasul, mudou o destino fatal que se previa anteriormente.

Os representantes da coalizão de partidos oposicionistas na recém-aberta mesa de diálogo elogiaram a libertação dos presos, mas consideraram a medida insuficiente. Por isso, o chefe do grupo parlamentar da MUD anunciou cinco pontos necessários para que a oposição continue presente nas negociações: a libertação “plena e sem condições” de todos os presos políticos na Venezuela; a devolução ao Parlamento da sua função de controle orçamentário, restringida pelo Tribunal Supremo; a aceitação por parte do Governo de ajuda humanitária para que acabem as enormes filas para a compra de medicamentos e alimentos básicos; a escolha de uma nova cúpula do Conselho Nacional Eleitoral, “que não roube das pessoas, como aconteceu com o referendo revogatório, o direito de votar”; e a antecipação das eleições. Deram um prazo peremptório e deixaram claro que não permitirão que as negociações se prolonguem muito além disso.

Foi o negociador oposicionista Carlos Ocariz quem anunciou pelo Twitter, na noite de segunda-feira, a libertação de três pessoas detidas por motivos políticos. São eles Carlos Melo, um suspeito habitual das conspirações denunciadas pelo regime, e os cineastas Andrés Moreno e Marcos Trejo, autores de um vídeo do partido Primeiro Justiça dirigido aos membros da Força Armada Nacional Bolivariana encarregados de vigiar as manifestações. Além deles foram soltos também Coromoto Rodríguez, chefe da segurança do presidente da Assembleia Nacional, Henry Ramos Allup. Também deixaram a prisão nesta terça-feira os jovens Pablo Parada e Jean Carlos Ortiz, processados no estado de Táchira (oeste do país).

A organização Fórum Penal Venezuelano calcula que, após estas libertações, ainda permanecem atrás das grades 108 pessoas processadas por razões políticas. Espera-se que parte delas continue sendo posta em liberdade nas próximas horas. A soltura não significa o arquivamento do processo penal. “Ainda estão pendentes de um julgamento”, disse o advogado Gonzalo Himiob, diretor do Fórum Penal, em conversa com este jornal.

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