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Justiça aperta o cerco e ocupações diminuem nas escolas do Paraná

Exame do ENEM foi adiado para mais de 190.000 alunos que fariam prova em escolas ocupadas no país

Estudantes desocupam o Colégio Prof. Cleto, em Curitiba, nesta terça.
Estudantes desocupam o Colégio Prof. Cleto, em Curitiba, nesta terça.P. Lisboa (Brazil Photo Press/Folhapress)

Oficiais de Justiça do Paraná fizeram nesta terça-feira o segundo dia de peregrinação por colégios ocupados em Curitiba. Com uma lista autorizando a reintegração de posse de 25 escolas nas mãos, conseguiram desocupar entre segunda e terça ao menos nove escolas na capital. De acordo com a secretaria de Educação do Estado, desde a semana passada, 575 colégios paranaenses já foram desocupados, entre saídas espontâneas e à pedido da Justiça. Há pouco mais de uma semana, 850 escolas estavam ocupadas em várias cidades do Estado, segundo os organizadores.

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Os secundaristas paranaenses, que protestam contra a PEC 241 e a reforma do Ensino Médio, começaram a perder fôlego nas mobilizações à medida que a data do Exame Nacional do Ensino Médio (ENEM) foi se aproximando. Milhões de estudantes de escolas públicas dependem da nota do exame para pleitear uma vaga em universidades. A prova deste ano será realizada neste final de semana, mas as ocupações obrigaram o Ministério da Educação a adiar a data do exame para 191.494 alunos que estão inscritos em alguma unidade que ainda permanece ocupada. Para eles, o exame será aplicado nos dias 3 e 4 de dezembro. A lista do Ministério contabiliza 304 escolas que não poderão receber a prova neste fim de semana, em 19 Estados além do Distrito Federal.

A possibilidade de adiar a prova já havia sido ventilada pelo ministro da Educação, Mendonça Filho, há duas semanas. Com isso, alunos contrários às ocupações organizaram o movimento Desocupa. Liderados pelo Movimento Brasil Livre, foram a diversas escolas em Curitiba pressionar pelo fim da ocupação.

"Eu lamento profundamente, mas não foi o INEP que fez essa penalização, foram os próprios alunos", disse Maria Inês Fini, presidenta do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais (Inep), órgão responsável pelo Enem, sobre os alunos que terão a prova do Enem adiada.

Mas enquanto a movimento diminui no Paraná, alunos de outros Estados se apressam para aumentar as ocupações para que o protesto não perca força.  Em Minas Gerais, que na semana passada tinha 38 escolas ocupadas, agora tem 96, segundo a secretaria de Educação de Minas. No Espírito Santo, o número saltou de cinco para 62. A Bahia tem 42 ocupações, entre escolas e universidades.

No Paraná, além dos pedidos de reintegração de posse por parte da Justiça - que determinou uma multa de 10.000 reais por dia a cada escola que descumprir a ordem -, e o adiamento do ENEM, outro fator importante para a queda no movimento foi a decisão dos professores do Estado, nesta segunda-feira, de suspender a greve iniciada no dia 17 de outubro. Após a assembleia que deliberou essa decisão, alguns estudantes protestaram. "No dia 29 de abril estávamos lá, na linha de frente, levando bala de borracha por eles", disse um secundarista que não quis se identificar. "Essa decisão enfraquece a nossa unidade".

O dia 29 de abril é uma espécie de senha que acessa uma lembrança sangrenta para professores e estudantes no Paraná. Nesta data, no ano passado, mais de 200 pessoas ficaram feridas durante a repressão policial à greve dos professores, no Centro Cívico em Curitiba. O fato ficou tão marcado, que é lembrado em diferentes momentos.

Nesta terça-feira, o tenente coronel Zanatti, policial militar tentava negociar a desocupação do Núcleo de Educação de Curitiba, ocupado desde a tarde de segunda pelos secundaristas. Questionado se seria usada a força policial para desocupar o prédio, afirmou que não e que um episódio como aquele não se repetirá agora. "29 de abril é página virada", afirmou.

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