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Greve nacional tem adesão parcial na Venezuela

Tanto a oposição como o chavismo cantam vitória na jornada de greve

Homem caminha por uma rua em Caracas, Venezuela.
Homem caminha por uma rua em Caracas, Venezuela.MARCO BELLO (REUTERS)
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A paralisação cívica nacional convocada pela oposicionista Mesa da Unidade Democrática (MUD) para esta sexta-feira teve adesão parcial em Caracas e outras cidades venezuelanas. Desde o início da manhã, com um simples olhar se notava nas ruas do Centro e Leste da capital venezuelana menos trânsito e atividade em geral do que num dia regular de trabalho, mas mais do que em um dia de feriado. Embora os serviços de transporte público, como o metrô de Caracas, operassem normalmente, a afluência de usuários era limitada.

Na realidade, era difícil avaliar o êxito da convocação, dadas as suas características. Desde a quarta-feira, quando fez o chamado, a MUD e seus diversos componentes se esforçaram em ressaltar que se tratava de uma “greve cívica”, querendo com isso dizer que cabia a cada cidadão adotar a decisão de sair ou não de casa. Não se esperava que lojas ou indústrias fechassem as portas. Com isso, a aliança oposicionista buscava eximir de responsabilidade pela paralisação o setor empresarial, esmagadoramente contrário ao Governo, mas por isso mesmo na mira das autoridades como potencial alvo de sanções e até apropriações.

Na metade do dia, ambos os lados se atribuíam a vitória. “A solidão das ruas em sintonia com a solidão da cúpula corrupta do PSUV. Que acabe o golpe e respeitem a Constituição!”, proclamava em sua conta no Twitter o governador do Estado de Miranda e duas vezes candidato presidencial da oposição, Henrique Capriles. Em contrapartida, o presidente Nicolás Maduro agradecia na mesma rede social a solidariedade da classe operária: “Hoje voltamos a triunfar. Continuemos trabalhando pela felicidade social!”.

A oposição convocou a paralisação para manter a pressão sobre o Governo, ao qual deu um prazo de uma semana para que “restitua a ordem constitucional” e remova a medida de suspensão do processo de referendo revocatório do mandado do presidente Maduro. Se isso não ocorrer, a Assembleia Nacional, de maioria oposicionista, continuará com o julgamento político que abriu contra o mandatário e, na quinta-feira, 3 de novembro, a MUD fará uma marcha com seus seguidores ao palácio presidencial de Miraflores, no centro histórico de Caracas.

Na defensiva e consciente do revés simbólico de as ruas permanecerem vazias nesta sexta-feira, na véspera o vice-presidente Aristóbulo Istúriz pediu a seus seguidores dos sindicatos de transportadores que saíssem com seus veículos desde as seis da manhã. Tanto Maduro como o número dois do chavismo, Diosdado Cabello, ameaçaram na quinta-feira ocupar e “recuperar para o povo” qualquer loja ou fábrica que fechasse nesta sexta. Piquetes militares faziam inspeções na cidade de Valência, centro da indústria leve.

Na quinta-feira, efetivos da polícia política rodearam a sede corporativa em Caracas do maior grupo agroindustrial privado, Empresas Polar, assim como a residência pessoal de seu presidente, Lorenzo Mendoza. O magnata foi visto entre a multidão na quarta-feira, durante a maciça manifestação chamada de Tomada da Venezuela, organizada pela oposição.

Enquanto isso, o chefe da bancada situacionista no Parlamento, o deputado Héctor Rodríguez, apresentou nesta quinta-feira um recurso perante o Tribunal Supremo de Justiça (TSJ) para anular os efeitos do julgamento político que a Assembleia Nacional realiza para determinar o suposto “abandono do cargo” por parte de Maduro. O TSJ é controlado pelo Governo e, desde que em janeiro a oposição assumiu a maioria absoluta na Assembleia, o tribunal se tornou a principal arma defensiva diante das iniciativas do Legislativo.

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