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Acre vive noite de terror atribuída por autoridades à guerra entre facções

Governador trata episódio como mais um capítulo da luta entre Comando Vermelho e PCC No total, 13 pessoas morreram no Estado na madrugada

Familiares de detentos em Rio Branco.
Familiares de detentos em Rio Branco.ANDERSON SOARES RORAIMA EM TEMP (EFE)
Gil Alessi

A guerra entre as facções criminosas PCC e CV, iniciada no final de semana após motins com 18 mortos em Rondônia e Roraima, chegou na noite de quinta-feira ao Acre. Quatro presos foram mortos durante rebelião no presídio Francisco d'Oliveira Conde, na capital Rio Branco, e outros 19 ficaram feridos. Detentos de três pavilhões da unidade, que é a maior do Estado, iniciaram um motim e chegaram a fazer dois agentes penitenciários como reféns. Duas pistolas e uma escopeta calibre 12 foram encontradas em poder dos detentos. Além da violência dentro do sistema prisional, outras 9 mortes foram confirmadas em diversos bairros da capital – inclusive um adolescente de 14 anos - e duas cabeças foram encontradas dentro de sacolas pela Polícia Militar, que ainda não localizou os corpos. "É uma guerra interna entre eles, mas que infelizmente afeta a população também”, informou o subcomandante da Polícia Militar, coronel Ulysses Araújo.

Após a rebelião no presídio de Rio Branco, o Governo anunciou nesta sexta-feira a prisão de dois carcereiros suspeitos de terem permitido a entrada das armas de fogo usadas pelos presos na unidade. O governador do Acre, Tião Viana (PT), afirmou que “facções do Rio e de outros Estados” estariam por trás dos crimes. Segundo o G1, o petista afirmou que todas as 9 mortes ocorridas fora dos presídios durante a madrugada tem relação com estas organizações: “Não tivemos nenhum cidadão de bem afetado. Nenhuma pessoa que não tem ligação com o crime morreu”.

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A rebelião no presídio Francisco d'Oliveira Conde não foi o primeiro episódio de violência das facções no Acre. Na terça–feira um grupo de presos que cumpria pena em regime semiaberto na Unidade Prisional 4, também na capital, foi emboscado ao voltar do trabalho para dormir na prisão. De acordo com a Secretaria de Segurança, 25 integrantes de facções rivais abriram fogo contra o grupo. Houve troca de tiros com os seguranças do presídio. Em outras unidades do Estado também foram registrados princípios de rebelião, mas a situação foi controlada.

Os Estados do Norte e Nordeste se encontram na linha de frente da disputa que se estabeleceu entre o PCC e o CV. Apesar das facções criminosas serem originárias de São Paulo e Rio de Janeiro, onde mantêm seus grandes redutos e de onde comandam o crime de dentro das cadeias, não foram registrados episódios de violência nos presídios do Sudeste. A região Norte é fundamental para o tráfico internacional: as principais rotas de droga passam por suas fronteiras, uma vez que estes Estados fazem divisa com grandes países produtores de cocaína, como Peru, Bolívia e Colômbia – além da Venezuela, famosa pela permissividade em suas fronteiras.

Além disso, na região existe forte presença da facção Família do Norte, grupo originário no Amazonas e que, segundo especialistas, seria responsável pela cisão entre CV e PCC. A organização amazonense teria se aliado ao grupo fluminense a contragosto dos paulistas, o que teria desencadeado a ruptura. No Acre estes três grupos ainda dividem o protagonismo do crime com o Bonde dos 13. O Governo convocou o Exército para garantir a segurança nas regiões fronteiriças do Acre e nos entornos das cidades. Uma escola e uma casa foram incendiadas no bairro 13, em Rio Branco, sem deixar vítimas.

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