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Vem à tona artigo de Boris Johnson, forte defensor do Brexit, a favor da permanência

Um livro reproduz um texto, inédito, no qual o ministro de Relações Exteriores britânico defende continuar como parte da UE

Pablo Guimón
O ministro de Relações Exteriores do Reino Unido, Boris Johnson.
O ministro de Relações Exteriores do Reino Unido, Boris Johnson.DANIEL LEAL-OLIVAS (AFP)

“Esses são os meus princípios. Se você não gostar desses, tenho outros”. Não se sabe bem qual é a origem da grande frase sobre o cinismo político. Não é de autoria de Groucho Marx, como se costuma dizer erroneamente. E tampouco foi dita pelo ministro de Relações Exteriores do Reino Unido, Boris Johnson, apesar de que, depois do que foi publicado no domingo pelo The Sunday Times, tal frase poderia ser atribuída a ele. O político escreveu uma coluna jornalística defendendo a permanência de seu país na UE (União Europeia) dois dias antes de apoiar, publicamente, o Brexit e se converter em um de seus mais fervorosos porta-vozes. O artigo de opinião, reproduzido em um livro ainda não lançado, do qual o The Sunday Times publicou um trecho em sua edição de domingo, nunca havia sido revelado ao público. O ex-prefeito de Londres e ex-colunista do Daily Telegraph teria escrito um texto a favor do Brexit e outro contra, segundo o jornal, para esclarecer seus pensamentos sobre o assunto. Com os dois artigos em mãos, escolheu o que defendia o Brexit.

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Nunca foi um segredo que o mais veemente membro da campanha para abandonar a UE tinha duvidado, até o último minuto, de que lado do debate estava. A própria existência das duas colunas era um rumor popular. Mas, graças ao The Sunday Times, os argumentos de Johnson para defender a permanência foram revelados. E são exatamente opostos aos que repetiu incansavelmente durante sua campanha para o referendo de 23 de junho.

Na coluna descartada, Johnson adverte sobre um baque econômico depois do Brexit e sobre o risco que isso representa para a unidade territorial do país. O ministro sugere, também, que as contribuições financeiras do Reino Unido à UE são um preço mínimo em troca do acesso ao mercado comum. O mesmo que Johnson descreveu, esta semana, como “crescentemente inútil”.

“É um mercado ao lado de casa, preparado para uma maior exploração por parte das empresas britânicas. A cota para ser sócio é relativamente baixa, considerando tudo ao que dá acesso. Por que estamos tão decididos a dar as costas a isso?”, escreveu Johnson. Permanecer na UE, acrescentou, seria “uma bênção para o mundo e para a Europa”.

Johnson não comentou nada sobre a publicação. No entanto, fontes próximas ao ministro confirmaram que ele escreveu o artigo, embora o único propósito tenha sido o de articular em sua cabeça se havia argumentos a favor da permanência, e que o descartou logo após terminá-lo.

O trecho do livro publicado pelo The Sunday Times, escrito pelo setorista de política do jornal Tim Shipman e titulado All Out War, contém também algumas outras revelações. Entre elas, o fato de que Johnson quis “dar um soco” no ex-ministro Michael Gove depois de que seu grande aliado na campanha pelo Brexit se interpôs em seu caminho a Downing Street ao apresentar sua própria candidatura para liderar o partido.

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