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Cinco dias decisivos: quem vai ao segundo turno em São Paulo?

A julgar pelas pesquisas, João Doria já passou para a segunda fase da eleição

João Doria, durante a sabatina realizada pelo EL PAÍS e TV Brasil.
João Doria, durante a sabatina realizada pelo EL PAÍS e TV Brasil.Ricardo Matsukawa
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A corrida eleitoral pela prefeitura de São Paulo viveu um ponto alto neste domingo durante o penúltimo debate eleitoral antes do primeiro turno. Cientes de que estão a poucos dias de definir o destino da maior capital do país, os candidatos que lideram as preferências eleitorais partiram para o ataque. Marta Suplicy (PMDB) e Celso Russomano (PRB) foram os mais aguerridos na troca mútua de chumbo numa tentativa de continuar no jogo. A priori, as pesquisas Ibope e Datafolha, divulgadas nesta segunda e terça, respectivamente, mostram que João Doria Jr. já está no segundo turno, e agora a disputa fica embolada com Russomano na sequência (com 24% das intenções no Ibope e 22% no Datafolha) e Marta (15% nos dois levantamentos, com perda de cinco pontos percentuais).  O atual prefeito, Fernando Haddad, que passou de 10% para 12% no Ibope e para 11% no Datafolha, também sofreu ataques e acusou os oponentes defendendo seu legado.

Agora, eles vão para tudo ou nada. Além das campanhas de rua, o último palanque na televisão será o debate da próxima quinta na Rede Globo. Assim, a corrida eleitoral ganhou emoção na reta final, depois de uma campanha morna nas ruas desde agosto. Quase não há carros de som com jingles de candidatos, automóveis raramente ostentam adesivos. Poucas bandeiras sacodem das casas. Não fossem as interrupções na programação de rádio e TV, mal se saberia que a campanha municipal estava em curso. Além da nova regra eleitoral, que neste ano encurtou de 90 dias para 45 a discussão de propostas dos candidatos, o pleito foi prejudicado pela proximidade com as Olimpíadas e pelo clima político contaminado pelo impeachment da ex-presidenta Dilma Rousseff, ocorrido há menos de um mês. 

Agora, a disputa para gerir a maior capital do Brasil se aproxima do final do primeiro tempo já com um quadro um pouco mais claro do que nas semanas anteriores. "A última semana da eleição não costuma inverter nenhuma tendência. Mas consolida algumas dinâmicas que já se formaram nos últimos momentos", explica Elizabeth Balbachevsky, professora de ciências políticas da Universidade de São Paulo (USP), que estuda comportamento eleitoral. Por isso, afirma ela, é de se esperar que, caso não aconteça nenhum fato extraordinário, João Doria esteja no segundo turno. O candidato tucano ganhou, em um mês, 19 pontos segundo a pesquisa Ibope (está com 28% das intenções), e 25 pontos percentuais nas pesquisa Datafolha divulgada nesta terça. Em ambas ele se mostra isolado na liderança.

Segundo o Datafolha, um terço dos eleitores (34%) ainda pode mudar seu voto nesta última semana e o diretor do instituto, Mauro Paulino, afirma que a eleição pode, sim, guardar surpresas. A priori, a indecisão beneficiaria mais Doria, Marta e Russomano. Ou seja, há mais indicações de que eleitores indecisos desses três candidatos migrariam seu voto de um para outro entre os três nomes.

Ônus e bônus de campanha curta

Doria poderia ter sido o grande prejudicado pelo tempo curto de campanha, afirma Balbachevsky. Como candidato desconhecido da maior parte dos eleitores, ele teria menos tempo para conseguir se colocar como uma opção para o eleitorado. Por outro lado, a aliança do PSDB com outras 12 legendas garantiram a ele o maior tempo de TV, aumentando sua exposição. Sua grande subida ocorreu, de fato, após o início da programação eleitoral gratuita. O candidato tucano também se beneficiou pela mudança nas regras de financiamento de campanha, que impediram as doações empresariais pela primeira vez em um pleito. Milionário, ele afirma estar investindo do próprio dinheiro na disputa. Segundo levantamento da Folha de São Paulo, ele já investiu 2,4 milhões de reais na sua campanha.

A campanha curta pode acabar sendo um fator benéfico para Celso Russomanno, candidato que começou a cair depois do início dos debates e da propaganda eleitoral. Em menos de um mês, ele perdeu nove pontos segundo o Ibope e o Datafolha. A mesma queda ocorreu há quatro anos, quando ele iniciou a corrida eleitoral como o favorito, mas ficou fora do segundo turno depois de encampar uma proposta polêmica: a de cobrar tarifa de ônibus proporcional ao trajeto, o que prejudicaria quem mora na periferia, justamente onde se concentram seus eleitores. Desta vez, ele se envolveu em nova polêmica ao afirmar que proibiria a circulação do Uber, mas depois voltou atrás. O candidato não é visto como um bom orador ou debatedor. "Russomanno está declinante, mas pode ser que, nesta campanha muito curta, o tempo não seja suficientemente longo para que ele saia do segundo turno", diz a professora.

Nesta semana, as estratégias dos candidatos para buscar os votos finais se intensificarão. Enquanto Doria e Russomanno são atacados por Marta pela ausência de experiência em cargo Executivo, o prefeito Fernando Haddad, que tenta a reeleição, corre por fora, tentando resgatar a periferia e os votos de esquerda perdidos para a candidata do PSOL, Luiza Erundina. Tem levado o ex-presidente Lula a tiracolo para tentar virar o jogo, contando com o capital político que ainda resta ao seu mentor. O atual prefeito, entretanto, se prejudica pela alta rejeição: 43% das pessoas afirmam que não votariam nele de jeito nenhum, segundo o Datafolha.

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