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impeachment
Coluna
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E como fica agora?

Pensar neste momento em paralisar o país provocando novos terremotos e incêndios seria uma grande irresponsabilidade

Juan Arias
Apoiadores de Dilma Rousseff em frente ao Palácio da Alvorada.
Apoiadores de Dilma Rousseff em frente ao Palácio da Alvorada.Mario Tama (Getty Images)

O rito da destituição de Dilma foi consumado e o Partido dos Trabalhadores (PT), que a sustentava, passa à oposição, depois de 13 anos no poder. Mas o Senado manteve os direitos políticos dela, o que lhe permitirá se candidatar a cargos eletivos e exercer funções na administração pública.

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A saída da presidenta era desejada, segundo as pesquisas, por 61% dos brasileiros, o que não impede que tenha sido uma comoção nacional.

Muitos se perguntarão: e como fica agora?

Talvez esta seja, paradoxalmente, a hora da reflexão e da reconciliação, mais que a de vinganças, já que os povos são sempre maiores que seus governantes. Os presidentes irão passando, e o Brasil continuará vivo, com seus problemas e lutas.

Quando uma cidade é golpeada por um terremoto, nesse momento trágico as pessoas não perguntam a razão da explosão. As pessoas correm para tentar salvar vidas dos escombros e ajudar solidariamente a reconstruir a cidade.

O Brasil sofreu um terremoto político que causou dor e até dividiu a sociedade. Não será esta a hora de se esquecer do que produziu o sismo, para todos junto contribuírem para resolver a crise política, econômica e social sofrida nestes anos de polêmicas?

A responsabilidade é de todos os que de verdade amam o país e o futuro que desejam para seus filhos. É a hora da trégua, como nas guerras do passado, já que no final somos todos filhos de uma mesma esperança de viver em paz e com bem-estar.

Impedir neste momento quem tem a responsabilidade de seguir governando o país até 2018, quando os brasileiros poderão escolher com seu voto por quem desejarão ser governados, equivaleria a voltar a colocar as intrigas políticas acima do bem do país.

Pensar neste momento em paralisar o país provocando novos terremotos e incêndios seria uma grande irresponsabilidade.

Significaria esquecer-se dos milhões sem trabalho, dos que sofrem as consequências de uma inflação disparada que corrói o salário dos mais pobres, dos que entram no inferno das dívidas por causa de juros que são os maiores do mundo.

A nova oposição tem o direito e o dever de vigiar o novo governo, que terá agora de ser julgado por seus atos com a mesma severidade com a que o foi o de Dilma.

O “quanto pior, melhor”, porém, não só nada construiria como também agravaria a forte crise econômica que o país ainda sofre, e pela qual Dilma saiu em definitivo de cena.

Esta é a hora de cada um demonstrar se de verdade se sente empenhado em fazer o Brasil crescer para que volte a ser o que foi e que havia entusiasmado o mundo, ou prefere continuar enredado em seus jogos políticos, se esquecendo dos que trabalham, e com não poucos sacrifícios, para manter o país de pé.

Um pescador semianalfabeto me perguntara esta manhã: “Acha que agora vamos ficar melhor?”. Pode parecer uma pergunta banal. Não é. A grande caravana dos pobres se alimenta da esperança de que, como na canção de Chico Buarque, apesar de tudo e de todos, “amanhã vai ser outro dia”.

Eles sabem pouco de política e muito da dureza da vida.

No final, nós todos não nos alimentamos da mesma esperança do pescador? Sem ela não seríamos capazes nem de nos levantarmos.

Talvez seja ingênuo de minha parte, mas minha esperança para este Brasil, que é também meu, é que nos deixem, e nos deixemos uns aos outros, poder voltar a sonhar.

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