“Quem quer arranhar a lua, arranha o próprio coração”
Se Temer está em busca de melhorar sua imagem, não poderia lhe ocorrer nada pior do que reduzir o já minúsculo Ministério de Cultura
Se o presidente interino do Brasil, Michel Temer, está em busca de melhorar sua imagem perante a sociedade, como se tem escrito, não poderia lhe ocorrer nada pior do que reduzir o já minúsculo Ministério de Cultura, que antes tentou eliminar.
O Brasil é um país com uma grande riqueza literária e artística, com uma cultura popular arraigada em todas as camadas sociais. Só por isso já mereceria um Ministério da Cultura robusto, criativo e impulsionador, em busca de novos talentos e horizontes.
Nem sequer a oposição dos artistas e intelectuais a Temer justificaria, da parte dele, uma caça às bruxas no santuário da cultura.
Dizem que as primeiras vozes que uma ditadura cala são as dos poetas. Foi o que fez na Espanha o ditador Franco com o jovem García Lorca, uma das vozes mais limpas contra a tirania. Mandou fuzilá-lo.
Não que Temer tenha em sua biografia traços de ditador. Aliás, é conhecido como um político de diálogo e conciliador. E até tateou o mundo da arte, dedicando-se a escrever poesia.
Entretanto, suas primeiras ações com o Ministério de Cultura poderiam ratificar a crítica dos seus adversários, que o apresentam mais como um burocrata do que como o inspirador de uma política criativa.
O poeta granadino García Lorca, entre seus versos que parecem escritos em pedra, tem um significativo, que deveria fazer Temer refletir: “Quem quer arranhar a lua, arranha o próprio coração”.
Pode-se dizer que quem quiser arranhar e empobrecer o Ministério de Cultura corre o perigo de ferir o próprio coração.
Se a burocracia costuma ser inimiga da democracia, nada como a cultura e a arte para mantê-la sã e salva.
Se Temer quer eliminar burocracia e funcionários parasitas, que revire outros ministérios, onde certamente abundam, mas respeite o da Cultura, que é o que melhor reflete a verdadeira identidade de um país e de seu Governo.
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