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Partido Republicano coloca em seu programa o muro com o México proposto por Trump

O programa eleitoral também advoga pelo protecionismo e a oposição rotunda ao aborto

Silvia Ayuso
O candidato republicano Donald Trump, em um ato de campanha.
O candidato republicano Donald Trump, em um ato de campanha.TASOS KATOPODIS (AFP)

Construção de um muro na fronteira com o México para conter a imigração ilegal. Pena de prisão a quem tenta entrar ilegalmente no país. Aumento do protecionismo. Rejeição completa ao aborto e ao casamento homossexual. O Partido Republicano deu nesta terça-feira mais um passo na convergência com seu candidato à Casa Branca, Donald Trump, ao aceitar a inclusão em seu programa eleitoral de algumas das propostas mais polêmicas e conservadoras do magnata nova-iorquino em questões migratórias, sociais e econômicas. Essas ideias provavelmente serão incluídas na plataforma a ser aprovada na Convenção Nacional Republicana, que começa na próxima segunda-feira em Cleveland (Ohio).

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A plataforma é uma declaração de princípios que os partidos se comprometem a cumprir se forem eleitos para governar, ou seja, é um programa eleitoral. O Partido Republicano concluiu nesta terça-feira em Cleveland dois dias de reuniões do Comitê da Plataforma, nas quais 112 delegados debateram o rascunho do documento a ser votado pelos convencionais ao final da reunião que aclamará Trump como candidato presidencial.

O programa eleitoral constitui “um convite e um itinerário” para um país “mais próspero e seguro”, afirmou, ao final dos debates, o senador John Barrasso, que presidiu o processo. Essa plataforma “apresenta o caminho para que a América volte a ser grande e esteja unida”, acrescentou, em referência ao lema de campanha de Trump, “make America great again” (Faça a América voltar a ser grande), agora já formalmente incluído no ideário republicano.

Há pouco mais de um ano, Trump se lançou à disputa eleitoral afirmando que os emigrantes que cruzavam ilegalmente a fronteira do México com os EUA eram basicamente “criminosos, estupradores” e narcotraficantes, e que era preciso construir um muro entre os dois países para conter o fluxo migratório. A cúpula do Partido Republicano se apavorou com uma linguagem e uma proposta que afastavam um eleitorado, o hispânico, potencialmente crucial para chegar à Casa Branca. Doze meses depois, entretanto, Trump é o impensável finalista dessa corrida em que deixou quase 20 rivais pelo caminho, e esse mesmo establishment conservador que zombava das suas iniciativas as incluiu no rascunho do seu programa, um documento que perdurará além do dia da eleição presidencial, em novembro.

O alto custo envolvido na construção de um muro com mais de 2.000 quilômetros, o trecho ainda livre na fronteira EUA-México, foi rapidamente discutido durante a sessão antes de ser aprovado (a viabilidade do projeto, contestada por muitos especialistas, foi deixada de lado). Como destaca o The Wall Street Journal, os delegados foram além da proposta original, que só falava na construção de uma barreira física em “fronteiras vulneráveis”.

Do mesmo modo, o rascunho da plataforma republicana incorpora a proposta de impor até cinco anos de prisão a qualquer imigrante sem documentos que seja flagrado tentando entrar novamente no país depois de ter sido deportado.

A plataforma republicana, que salienta repetidamente o “excepcionalismo norte-americano”, adota também a guinada protecionista defendida por Trump com seu lema “a América em primeiro lugar”, tanto em questões políticas como, neste caso, econômicas, embora sem chegar a rejeitar frontalmente o Tratado de Cooperação Transpacífico (TPP) ou o NAFTA (com Canadá e México), como queria Trump.

"Um presidente republicano insistirá na paridade em assuntos comerciais e implementará tarifas compensatórias se outros países resistirem a cooperar", indica o programa que, entretanto, não se opõe diretamente ao TPP, cuja ratificação legislativa “não deve ser apressada”, segundo o texto citado pela Efe.

Os delegados também dedicaram boa parte da última sessão do dia a discutir a questão do aborto e do casamento homossexual, que são rejeitados sem rodeios no programa oficial do partido. No mesmo dia em que o presidente Barack Obama, democrata, e seu antecessor, o republicano George W. Bush, participavam em Dallas em uma cerimônia em homenagem aos cinco policiais assassinados por um franco-atirador na semana passada, os delegados em Cleveland rejeitaram mais uma vez qualquer tentativa de limitar a violência com armas.

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