Obama e Partido Republicano repudiam a islamofobia de Trump
Presidente critica em um duro discurso a politização da luta antiterrorista
O presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, se defendeu na terça-feira das críticas a sua estratégia na luta contra o terrorismo e reiterou que a islamofobia vai contra os princípios fundacionais da nação. “Devemos impedir que o terrorismo destrua nossos valores”, afirmou em um duro discurso após sua reunião com o Conselho de Segurança Nacional em Washington. Obama repudiou a politização da luta antiterrorista na campanha eleitoral e lembrou que os EUA “se arrependeram sempre que agiram motivados pelo medo”.
As palavras de Obama chegaram pouco depois do presidente da Câmara dos Representantes e líder do Partido Republicano, Paul Ryan, desautorizar a proposta de Donald Trump para proibir a entrada de muçulmanos no país. Ryan se distanciou do candidato à presidência de seu partido ao afirmar que os Estados Unidos estão em guerra com o “islamismo radical”, mas não com a religião e concordou com o presidente em seu repúdio em transformar todos os muçulmanos em “suspeitos”.
“Proibir a entrada aos muçulmanos não está entre nossos interesses”, afirmou Ryan. “Não reflete nossos princípios como partido e como país”. O político republicano de maior calibre na política norte-americana defendeu que a maioria dos muçulmanos que vive nos EUA é “moderada” e que forma “alguns de nossos melhores aliados, nossos melhores recursos”. Ryan, segundo na linha de sucessão, afirmou que “é importante que façamos essa distinção”.
Obama afirmou que as autoridades continuam sem encontrar provas que liguem diretamente o autor do massacre em Orlando com grupos terroristas no estrangeiro. Os EUA afirmam que Omar Mateen se radicalizou após absorver propaganda divulgada pelo EI na Internet. O pronunciamento de terça-feira é o terceiro de Obama após a pior matança em solo norte-americano desde os atentados de 11 de Setembro e o primeiro no qual se defendeu das acusações feitas pelo candidato republicano, Donald Trump, e acusou a oposição de politizar a luta antiterrorista.
“Quando isso vai acabar? Os líderes republicanos concordam?”, perguntou retoricamente o presidente em referência às acusações de que não está fazendo o suficiente por não chamar os terroristas de “islamitas radicais”. Obama ridicularizou os republicanos que, como Trump, sugerem que a luta contra o terrorismo terá mais sucesso “por se usar uma etiqueta” e afirmou que invocar a islamofobia é “fazer o trabalho dos terroristas”.
“Se alguém acredita que não sabemos quem são nossos inimigos, seria uma surpresa para os milhares de terroristas que derrotamos no campo de batalha”, declarou Obama em defesa dos membros do Exército, agências de inteligência e forças de segurança que participam na luta antiterrorista. “A razão pela qual tenho cuidado com esses termos não tem nada a ver com a correção política”, afirmou.
Obama repudiou as críticas recebidas nos últimos dias contra sua estratégia antiterrorista por parte de vários políticos republicanos e, em resposta, ofereceu as medidas que os EUA podem adotar em casa. “Se verdadeiramente queremos ajudar nossas forças de segurança para proteger os norte-americanos de novos ataques, devemos impedir que os terroristas tenham acesso às armas”, afirmou.
O presidente norte-americano defendeu que os EUA têm capacidade para aprovar medidas “de senso comum” que respeitariam a Segunda Emenda da Constituição e que ajudariam a impedir novos ataques. Obama lembrou que os atacantes de Orlando, San Bernardino e da base militar de Fort Hood (Texas), onde foram realizados os três ataques mais graves dos últimos anos, eram todos cidadãos norte-americanos e que os três utilizaram rifles de assalto. “Não podemos impedir todas as tragédias, mas uma pessoa que é proibida de subir em um avião não deveria ser capaz de comprar uma arma”.
O distanciamento da liderança republicana
As declarações de Ryan não o colocam em confronto direto com Trump, mas aumentam a distância que separa o candidato do partido que provavelmente representará nas eleições de novembro. Após o empresário brandir a islamofobia como arma eleitoral, Ryan defendeu que os Estados Unidos precisam de um sistema que valorize “a segurança, não a religião” dos imigrantes que solicitam a entrada no país.
A reação do porta-voz da Câmara dos Representantes veio 36 horas após Trump demonstrar que nem mesmo um ataque como o de Orlando irá fazê-lo mudar de estratégia. Desde domingo, o candidato republicano reiterou sua proposta de fechar a fronteira, acusou sua rival Hillary Clinton por não utilizar os termos “islamismo radical”, pediu a renúncia do presidente Obama pela mesma razão e insinuou que ele poderia ter responsabilidade na pior matança no país desde o 11 de Setembro.
São acusações que em qualquer outra campanha teriam prejudicado as chances do candidato, mas Trump quebrou todas as normas. Consciente, Ryan evitou em suas declarações fazer referência direta ao candidato, sem pronunciar sequer seu nome, e sem mencionar também as especulações feitas por Trump sobre a responsabilidade de Obama no massacre.
A luta contra o Estado Islâmico
O presidente Obama defendeu na segunda-feira a estratégia tomada até agora para derrotar as forças do Estado Islâmico no Iraque e na Síria. O presidente fez um pronunciamento após reunião com o Conselho de Segurança Nacional em Washington. O encontro já estava programado antes do ataque em Orlando, mas foi modificado pela maior tragédia em solo norte-americano desde o 11 de Setembro de 2001.
“Nossa missão é destruir o EI”, disse Obama. “Essa ainda é uma batalha difícil, mas nossos avanços continuam”. O presidente lembrou que os EUA aumentaram recentemente o número de militares e membros das forças especiais do Exército que lutam na Síria, assessores adicionais que trabalham com as forças iraquianas, assim como o envio de helicópteros de apoio na região norte do Iraque. Obama, após escutar seus principais assessores de segurança, anunciou que os EUA eliminaram mais de 120 líderes do grupo terrorista.
“O EI vai continuar perdendo seu território”, disse Obama. De acordo com os números fornecidos pelo presidente, os EUA efetuaram mais de 13.000 ofensivas aéreas contra o EI, incluindo as realizadas por aviões B52 mobilizados no Mediterrâneo. A Casa Branca afirma que o Estado Islâmico não conseguiu reivindicar uma vitória importante nos últimos 12 meses e, nas palavras do presidente, “está sob maior pressão do que nunca” após perder mais da metade do território que controlava no Iraque e na Síria.
Tu suscripción se está usando en otro dispositivo
¿Quieres añadir otro usuario a tu suscripción?
Si continúas leyendo en este dispositivo, no se podrá leer en el otro.
FlechaTu suscripción se está usando en otro dispositivo y solo puedes acceder a EL PAÍS desde un dispositivo a la vez.
Si quieres compartir tu cuenta, cambia tu suscripción a la modalidad Premium, así podrás añadir otro usuario. Cada uno accederá con su propia cuenta de email, lo que os permitirá personalizar vuestra experiencia en EL PAÍS.
En el caso de no saber quién está usando tu cuenta, te recomendamos cambiar tu contraseña aquí.
Si decides continuar compartiendo tu cuenta, este mensaje se mostrará en tu dispositivo y en el de la otra persona que está usando tu cuenta de forma indefinida, afectando a tu experiencia de lectura. Puedes consultar aquí los términos y condiciones de la suscripción digital.
Mais informações
Arquivado Em
- Convenção republicana 2016
- Barack Obama
- Câmara Representantes Estados Unidos
- Islamofobia
- Donald Trump
- Partido Republicano EUA
- Ohio
- Convenção política
- Congresso Estados Unidos
- Xenofobia
- Eleições EUA 2016
- Muçulmanos
- Eleições presidenciais
- Eleições EUA
- Atos políticos
- Estados Unidos
- América do Norte
- Parlamento
- Islã
- Eleições
- Partidos políticos
- Grupos sociais
- Discriminação
- América
- Religião