Kenji Fujimori não foi votar na sua irmã
Congressista mais votado do Peru em 2016, da ala ‘albertista’ do fujimorismo, rompeu com Keiko
Kenji Fujimori é desde 2011, quando foi candidato ao Congresso do Peru pela primeira vez, a face visível do setor mais duro do fujimorismo. Aquela primeira campanha eleitoral consistiu em distribuir panelas, bicicletas e fogões em bairros pobres e outros assentamentos precários. Esse jeito clientelista de fazer política é algo que conhece desde criança, época em que acompanhava seu pai, o então presidente Alberto Fujimori, em viagens para inaugurar obras e entregar sapatos e uniformes escolares como se fossem presentes pessoais, não a presença do Estado num país em ruínas.

O congressista mais votado do Peru em 2016 decidiu neste domingo não sair de casa para votar em sua irmã, a candidata a presidenta Keiko Fujimori, com quem está rompido. Ele é um expoente da ala ‘albertista’ do fujimorismo, que tende a não reconhecer os erros e crimes do Governo dele (1990-2000) e que pede abertamente que o réu deixe a prisão, por considerar que o julgamento deve ser anulado. Keiko Fujimori, por outro lado, afirmou publicamente em várias ocasiões que, se chegasse ao poder, não iria intervir em favor do seu pai, que cumpre pena de 25 anos de prisão – até 2031 – por crimes contra a humanidade e corrupção.
O irmão mais novo de Keiko Fujimori provocou um escândalo no final de abril com um tuíte que dizia: “A decisão é minha: só caso Keiko não ganhe a presidência eu me candidatarei em 2021”. Ocorre que sua irmã havia prometido que nenhum político de sobrenome Fujimori concorreria no ano do bicentenário da independência peruana. Diante da repercussão negativa, ele tentou se emendar: “De nem um só tuíte meu se pode concluir [que haverá uma] dinastia ou Governo até 2026. Neles eu digo que me candidataria se Keiko não ganhar.”
A candidata do partido Força Popular enfatizou em sua campanha que não pretendia disputar uma reeleição – o que indiretamente representa um ataque ao legado do seu pai, já que Fujimori aprovou uma reforma constitucional que lhe permitiu disputar a presidência três vezes seguidas, entre 1990 e 2000.
No entanto, a líder fujimorista repreendeu o seu irmão, e este então voltou à carga na mesma rede social: “Mal entendidos à parte, me alegra ver que minha irmã demonstre por que não se casa com ninguém”.
Em dezembro, os irmãos já haviam tido divergências públicas sobre a campanha, quando a candidata anunciou que, antes de inclui-los na lista para o Congresso, avaliaria os parlamentares que militam politicamente próximos do seu pai desde os anos noventa. Kenji os defendeu argumentando que sua experiência deveria ser aproveitada: “Não ver a diferença entre congressistas novos e antigos é não diferenciar entre especialistas e novatos”, disse no Twitter.
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