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OMS adverte sobre nova síndrome congênita ligada ao zika

Entidade informa que o vírus pode provocar, além de microcefalia, outros danos cerebrais graves, problemas geniturinários e de alimentação

María R. Sahuquillo

A Organização Mundial da Saúde (OMS) alertou nesta sexta-feira que o zika vírus pode estar ligado a uma nova síndrome congênita. Além de casos de microcefalia em bebês gerados por mulheres infectadas pelo zika, a OMS informa que o vírus, cujo principal transmissor é o mosquito do gênero Aedes, pode estar vinculado a outros problemas graves, como danos cerebrais, convulsões, irritabilidade, rigidez muscular (espasticidade) e dificuldades de visão e no sistema digestivo. Problemas que, segundo um grupo de especialistas da entidade, “podem afetar vários milhares de bebês”. Embora seja preliminar, o relatório alimenta a inquietação dos que acham que os Jogos Olímpicos do Rio devem ser adiados ou transferidos, porque o Brasil é o país mais atingido pelo vírus. O comitê de emergência da OMS vai avaliar a situação nas próximas semanas.

Médica faz terapia em bebê nascido com microcefalia.
Médica faz terapia em bebê nascido com microcefalia.M. Tama

A equipe da OMS, formada por seis especialistas, fez a revisão dos resultados e das pesquisas sobre os efeitos do zika vírus em bebês e concluiu que, além de provocar microcefalia, a contaminação intrauterina pode levar também a outros transtornos graves. “A relação espaço-temporal dos casos de microcefalia com o surto de zika e os dados dos relatórios de casos e estudos epidemiológicos geraram um sólido consenso científico sobre o envolvimento do vírus em defeitos de nascimento”, afirmam em artigo publicado no boletim epidemiológico da OMS. Tudo isso apesar de geralmente o vírus, para o qual não há vacina nem antídoto, provocar sintomas leves ou ser assintomático.

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O relatório da OMS –que em fevereiro decretou alerta mundial de saúde, exatamente pelo possível vínculo entre o zika e casos de microcefalia e outros transtornos neurológicos graves— ressalta que ainda são necessários mais dados tanto pré-natais quanto pós-natais, assim como resultados de laboratório e diferentes testes e análises para “definir adequadamente essa síndrome”. “O zika é uma emergência sanitária diferente porque tem consequências sanitárias e sociais de longo prazo, e por isso exige enfoque coordenado, de vigilância, intercâmbio de dados e pesquisa”, defendem especialistas como Anthony Costello, do departamento de saúde da mulher, da infância e da adolescência da OMS, e Pilar Ramon-Pardo, do departamento de doenças infecciosas e análise sanitária da entidade.

O organismo de saúde esteve durante a semana no centro da polêmica depois da divulgação de carta de mais de 150 cientistas e de manifestações de atletas de elite, como Pau Gasol, da seleção espanhola de basquete, pedindo a ela que recomende transferir ou adiar os Jogos do Rio, que começam em agosto no local mais atingido pelo zika. Até agora a OMS afirma que não há nenhuma questão de saúde pública que motive a recomendação de postergar as competições olímpicas.

Comitê de emergência estudará riscos dos Jogos

Apesar disso, o Comitê de Emergência do zika vai se reunir nas próximas semanas para avaliar a situação do Brasil e os riscos dos Jogos do Rio, Estado que terá grande presença de turistas. Isso foi dito, em carta, pela diretora geral da OMS, Margaret Chan, à senadora norte-americana Jeanne Shaheen, que tinha pedido uma resposta da organização de saúde à inquietação provocada pelo crescimento do surto.

“Dado o nível atual de preocupação internacional, decidi pedir aos membros do Comitê de Emergência Zika que avaliem os riscos da realização dos Jogos Olímpicos, programados atualmente para o verão [do hemisfério Norte]”, diz Chan em sua carta –que Shaheen publicou na Internet-, na qual explica que a OMS enviou um grupo de especialistas quatro vezes ao Brasil e que está em curso uma pesquisa sobre a situação atual.

Mas não é a OMS que decide sobre os Jogos; apenas emite recomendações de saúde. Por enquanto, desde a decretação do alerta sanitário mundial, não aconselhou a suspender viagens ao Brasil –apenas um entre os mais de 60 países e territórios em que há zika, embora seja o mais afetado-, ainda que tenha recomendado às grávidas que não viajem aos lugares em que tenha sido detectado o vírus, devido à associação do zika a casos de microcefalia. A mesma recomendação foi feita por muitas outras autoridades da área de saúde.

A OMS também aconselhou que quem viajar a regiões assoladas pelo zika vírus se abstenha de sexo ou o pratique de forma segura (com proteção profilática) pelo menos durante as oito semanas subsequentes ao retorno para casa, para evitar a transmissão sexual do vírus.

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