40 anos também no Brasil
Nossa intenção com o EL PAÍS Brasil é contar aos brasileiros o que acontece neste país e no estrangeiro com um olhar diferente, sem vínculos, de forma independente
Há 40 anos um novo jornal chegava às bancas da Espanha. Eram tempos conturbados. O ditador Francisco Franco havia morrido seis meses antes. A nação ainda não tinha uma Constituição e os primeiros Governos realmente eleitos pelo povo ainda estavam por vir. A Espanha nem mesmo tinha uma imprensa realmente independente, requisito das democracias ocidentais consolidadas.
Abrindo caminho, o EL PAÍS publicou na capa um editorial, intitulado “Diante da Reforma”, no qual constatava que a Espanha pedia “formas de vida civilizadas e modernas que a permitam encontrar no ajuste das nações o lugar que lhe pertence por história e por direito”. Nesse espírito, o jornal colocou a informação internacional nas primeiras páginas, refletindo a vontade da sociedade espanhola de se abrir ao mundo e deixar para trás quatro décadas de isolamento.
Com audácia e determinação, o EL PAÍS abriu caminho a outros meios de comunicação em espanhol que viriam depois, consolidando entre todos a liberdade de imprensa necessária ao amadurecimento democrático. Por um lado, o EL PAÍS fez com que a voz da sociedade espanhola fosse escutada no estrangeiro, colocando-se como jornal de referência espanhol no mundo. Para compreender o que aconteceu na Espanha, quais foram as mudanças de governo, como foram combatidos a corrupção e o terrorismo, o mundo leu o EL PAÍS. Por outro, desde sua infância, o EL PAÍS apostou na criação de uma das maiores redes de correspondentes do mundo, fazendo com que os olhos da Espanha ficassem abertos ao mundo e sua constante evolução.
Para criar e consolidar essa rede de correspondente, a prioridade foi, desde o começo, a América. Pelos muitos e estreitos laços que unem a Espanha a esse continente, o EL PAÍS sempre informou sobre os grandes acontecimentos na América. Também tivemos a honra de publicar artigos dos mais respeitados escritores latino-americanos, como Gabriel García Márquez, Mario Vargas Llosa, Tomás Eloy Martínez e Nélida Piñon, e entrevistamos gigantes como João Ubaldo Ribeiro e Jorge Amado.
Em nosso primeiro número, em maio de 1976, já informávamos sobre o Brasil. Juan Cruz, de Londres, escreveu sobre uma polêmica visita do general Ernesto Geisel ao Reino Unido. Posteriormente, nossas primeiras crônicas do Brasil foram assinadas por Juan Arias, que acompanhou João Paulo II em sua visita apostólica ao “país com mais católicos no mundo”. Não foi uma visita fácil. O regime brasileiro acusava à época os padres de intrometerem-se demais no âmbito político. Nosso enviado escreveu que o Papa pediu ao presidente João Figueiredo “para que sejam realizadas no Brasil as reformas indispensáveis para salvaguardar a promoção dos valores sem os quais não é possível prosperar nenhuma sociedade digna desse nome”.
Essas reformas viriam, e o EL PAÍS continuaria informando sobre elas ao longo das décadas. Com humildade, tivemos a intenção de mostrar o imparável avanço do Brasil à democracia; sua enorme pujança econômica; sua diversidade social, e sua imensa riqueza cultural. Entrevistamos os principais líderes políticos, incluindo a atual presidenta, Dilma Rousseff e seus predecessores no cargo, Luiz Inácio Lula da Silva e Fernando Henrique Cardoso.
Uma das maiores mudanças experimentadas pelo negócio da imprensa é a sua adaptação à Internet e aos celulares. O EL PAÍS quis ser o líder nessa transformação e aproveitou o fato da Rede eliminar muitas barreiras. Mesmo contando há mais de duas décadas com uma edição impressa distribuída em vários países da América, em 2013 criamos um site específico para esse continente. E, finalmente, levando em consideração a importância do Brasil no continente e no mundo, meses depois abrimos essa edição em português.
Nossa intenção com o EL PAÍS Brasil é contar aos brasileiros o que acontece neste país e no estrangeiro com um olhar diferente, sem vínculos, de forma independente, com o mesmo espírito com o qual esse jornal nasceu nas bancas espanholas de 1976, guardadas as devidas distâncias e diferenças de contexto. Em minha humilde opinião acredito que avançamos por um bom caminho. Nossos jornalistas fazem um trabalho diferente. Publicamos colunistas irreverentes e lúcidos, que trazem visões diferentes e compreendem bem o Brasil. Se com isso conseguirmos colaborar com nosso grão de areia na liberdade de imprensa na grande democracia brasileira, poderemos comemorar um grande sucesso.
Tu suscripción se está usando en otro dispositivo
¿Quieres añadir otro usuario a tu suscripción?
Si continúas leyendo en este dispositivo, no se podrá leer en el otro.
FlechaTu suscripción se está usando en otro dispositivo y solo puedes acceder a EL PAÍS desde un dispositivo a la vez.
Si quieres compartir tu cuenta, cambia tu suscripción a la modalidad Premium, así podrás añadir otro usuario. Cada uno accederá con su propia cuenta de email, lo que os permitirá personalizar vuestra experiencia en EL PAÍS.
En el caso de no saber quién está usando tu cuenta, te recomendamos cambiar tu contraseña aquí.
Si decides continuar compartiendo tu cuenta, este mensaje se mostrará en tu dispositivo y en el de la otra persona que está usando tu cuenta de forma indefinida, afectando a tu experiencia de lectura. Puedes consultar aquí los términos y condiciones de la suscripción digital.