Conselho Eleitoral permite início do processo para revogar mandato de Maduro
A autoridade eleitoral anunciou que será entregue o formulário e as instruções para coletar as assinaturas em apoio à petição
O Conselho Nacional Eleitoral (CNE), dominado pelo chavismo, deu início ao longo e sinuoso caminho que espera a oposição venezuelana para tentar despojar Nicolás Maduro de suas atribuições como chefe de Estado. A autoridade eleitoral anunciou que ordenou que a Comissão de Participação Política e Financiamento entregue o formulário e as instruções para coletar as assinaturas em apoio à petição.
A solicitação desses formulários por parte da oposição ficou parada durante vários dias frente à recusa do Conselho Eleitoral a entregar as planilhas. Agora começa um longo processo com o qual os opositores ao regime mantêm sua luta contra o chavismo.
Na fase inicial do processo, a lei eleitoral estabelece que 1% do padrão eleitoral (197.978 eleitores), constituído como uma organização de cidadãos, deve respaldar a solicitação. A oposição deve ajudar esse grupo a realizar os trâmites em cinco dias. Em seguida, essas assinaturas serão auditadas ao longo dos cinco dias seguintes para impedir que sejam fraudulentas.
Há um precedente que obriga a oposição a agir com rigor. O jornalista Eugenio Martínez, especializado em processos eleitorais, lembra que o CNE invalidou 6% das 2.040 assinaturas entregues pela Mesa da Unidade Democrática há duas semanas, em uma coleta controlada.
Se a oposição superar essa prova, faltarão duas etapas. Conseguir que 20% dos eleitores, em jornadas de três dias consecutivos supervisionados pelo CNE, assinem para organizar o plebiscito. Num eventual referendo, os adversários de Maduro deverão obter um voto a mais do que os obtidos pelo presidente nas eleições de 14 de abril de 2013.
Depois dos obstáculos denunciados pela oposição, a notícia foi recebida com alegria na terça-feira pelos promotores da consulta, o partido Primeiro Justiça. O mais satisfeito era o coordenador nacional dessa formação e chefe da bancada da oposição no Parlamento, Julio Borges: “Começou na Venezuela um processo de mudança irreversível. Sairemos da crise como deve ser: juntos e em paz”, escreveu no Twitter. Menos precipitado foi o mais proeminente membro dessa organização, o ex-candidato presidencial Henrique Capriles Radonski, que anunciou que nas próximas horas vai informar seus seguidores como continuará o processo.
Pressão popular
A oposição havia organizado para quarta-feira uma grande manifestação a partir do leste ao centro de Caracas para exigir do CNE suas respostas tardias. Entre os analistas políticos havia um consenso: a pressão pública havia obrigado as autoridades eleitorais a agir prontamente e entregar o formulário. A marcha não foi cancelada na tarde da terça-feira, mas sua principal motivação foi afastada.
Os últimos dias foram muito tensos na Venezuela pela falha no sistema elétrico e os crônicos problemas de abastecimento de insumos básicos. Um protesto como o anunciado adicionaria um problema maior para as autoridades policiais e militares, que tentam controlar os principais focos do protesto. Em Maracaibo, capital do estado de Zulia, no oeste do país, manifestantes saquearam uma farmácia, uma loja de móveis e uma padaria, segundo o jornal La Verdad. O secretário de Segurança da província cancelou as folgas de policiais para enfrentar maiores emergências. A tensão social continua aumentando no país por causa da crise política, social e econômica dos últimos meses.
Tu suscripción se está usando en otro dispositivo
¿Quieres añadir otro usuario a tu suscripción?
Si continúas leyendo en este dispositivo, no se podrá leer en el otro.
FlechaTu suscripción se está usando en otro dispositivo y solo puedes acceder a EL PAÍS desde un dispositivo a la vez.
Si quieres compartir tu cuenta, cambia tu suscripción a la modalidad Premium, así podrás añadir otro usuario. Cada uno accederá con su propia cuenta de email, lo que os permitirá personalizar vuestra experiencia en EL PAÍS.
En el caso de no saber quién está usando tu cuenta, te recomendamos cambiar tu contraseña aquí.
Si decides continuar compartiendo tu cuenta, este mensaje se mostrará en tu dispositivo y en el de la otra persona que está usando tu cuenta de forma indefinida, afectando a tu experiencia de lectura. Puedes consultar aquí los términos y condiciones de la suscripción digital.