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Procurador pede investigação de Cristina por lavagem de dinheiro

Testemunha envolve a ex-presidente argentina em ação contra empresário ligado ao kirchnerismo

Federico Rivas Molina
Cristina Kirchner, em 11 de fevereiro de 2015.
Cristina Kirchner, em 11 de fevereiro de 2015.ENRIQUE MARCARIAN (REUTERS)

Um procurador federal argentino pediu para investigar a ex-presidente Cristina Kirchner (2007-2015) e o ex-ministro do Planejamento Federal Julio de Vido em uma ação que apura suspeita de lavagem de dinheiro. O procurador envolveu a ex-presidente e seu ministro no caso da "rota do dinheiro K", um processo aberto contra o empresário Lázaro Baez, acusado de enriquecer com a concessão de obras públicas durante o kirchnerismo. Na sexta-feira, Leonardo Fariña, uma testemunha-chave no processo contra Báez, envolveu Cristina em sua declaração à Justiça.

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A ex-presidente teve conhecimento da decisão do procurador apenas quatro dias antes de seu próprio depoimento como testemunha em outro caso. Na quarta-feira, dia 13, Cristina deve comparecer perante o juiz federal Claudio Bonadío, um dos mais conhecidos da Argentina e que durante anos enfrentou os kirchneristas, e que em dezembro passado convocou para interrogatório tanto Cristina como o seu ex-ministro da Economia Axel Kicillof e o ex-presidente do Banco Central Alejandro Vanoli no caso da "venda de dólar futuro." O juiz acusou essas autoridades de "fraude contra a administração pública" por terem prejudicado deliberadamente o Estado.

O fato é que esta tem sido uma semana agitada nos tribunais federais de Buenos Aires. Começou com a prisão de Báez, ícone do enriquecimento acelerado que beneficiou alguns empresários durante a administração de Cristina; depois veio o pedido de investigação contra o presidente Mauricio Macri pela descoberta, nos Panama Papers, de uma empresa nas Bahamas da qual ele era diretor; e, neste sábado, o procurador Guillermo Marijuan, responsável pelo caso contra Báez, pediu ao juiz para investigar Cristina.

De acordo com fontes judiciais citadas pela agência oficial de notícias Telam e replicadas na imprensa argentina, Marijuan tomou a decisão depois de ouvir 11 horas de depoimento do contador Fariña, preso no caso contra Baez. Fariña está há mais de um ano na prisão, depois de se autoincriminar em um programa de televisão. Embora mais tarde tenha retirado o que disse ("Queriam ficção, dei ficção", se defendeu) solicitou depor como testemunha protegida em uma tentativa de aliviar sua situação processual. Perante o juiz Casanello e o procurador Marijuan, o contador mencionou Cristina e seu falecido marido e antecessor na Presidência, Néstor Kircher, e ligou outros altos funcionários a suspeitas de manobras para lavagem de dinheiro de sobrepreços em obras públicas concedidas a Báez, especialmente na província de Santa Cruz, na Patagônia.

Casanello ouviu Fariña, concedeu-lhe o regime de proteção a testemunhas e imediatamente ordenou que permaneça em silêncio sobre o assunto. Na gíria de rua argentina, o operador decidiu "jogar no ventilador", ou seja, contar tudo o que sabe das supostas transações sujas de Báez, que agora se tornou um ícone da suposta corrupção de Cristina. O juiz deve decidir agora, sem limite de tempo, se avança contra Cristina ou se rejeita o pedido da procuradoria.

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