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Ted Cruz e Bernie Sanders saem vitoriosos das primárias de Wisconsin

As vitórias dos segundos colocados lançam novas possibilidades em uma campanha imprevisível

Donald Trump durante comício em Milwaukee. / DARREN HAUCK (AFP)Foto: reuters_live

O senador republicano Ted Cruz obteve a vitória na noite desta terça-feira nas primárias em Wisconsin, único Estado a realizar a votação no dia de ontem. O político do Texas conquistou 50% dos votos (com 65% do total apurados), enquanto Donald Trump, o grande derrotado da noite, somou 33,4%. No Partido Democrata, Bernie Sanders derrotou Hillary Clinton, registrando a sua quarta vitória consecutiva na corrida pela nomeação como candidato à presidência dos EUA.

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“Esta noite marca uma virada”, afirmou Cruz em seu discurso em Wisconsin, aumentando a pressão sobre o seu concorrente direto. “Agora temos uma opção concreta”. O senador pelo Texas analisou seus resultados no contexto da série de vitórias que obteve nas últimas semanas. Em Utah, Colorado e Dakota do Norte, ele ganhou praticamente todos os delegados (houve uma exceção). Cruz afirma que isso o transforma na única alternativa viável a Donald Trump e a melhor opção para “derrotar Hillary Clinton em novembro”.

Esta foi, também, a primeira noite em que Trump não discursou para seus seguidores depois de saber dos resultados. Seu comando de campanha emitiu uma nota em que acusa Cruz de ser “pioro do que uma marionete”. O senador pelo Texas teria recebido apoio político e econômico dos dirigentes republicanos para ganhar em Wisconsin, o que o transforma, seg7undo o staff do empresário, em “um cavalo0 de Troia que está sendo usado pelos chefes do partido para tirar de Trump a indicação”.

Tanto para o democrata quanto para o republicano, as vitórias têm um peso mais moral do que matemático

A campanha eleitoral pela presidência dos Estados Unidos voltou a demonstrar nesta terça-feira que não deverá se encaixar nos moldes das anteriores. Nenhuma previsão atribuía às primárias de Wisconsin a importância determinante que elas estão tendo. As vitórias dos dois candidatos que ocupam até o momento os segundos lugares, numa circunstância em que mais da metade dos delegados em disputa já foram designados, lançam novas possibilidades em uma das campanhas mais indefinidas dos últimos anos.

No campo dos democratas, Sanders, que já venceu nas três primárias realizadas em 26 de março passado, registrou nesta terça-feira a sua sexta vitória nos últimos sete pleitos –56% ante 43,7% para Clinton, com 66% dos votos apurados. Embora tenha obtido uma margem ampla contra a ex-secretária de Estado, o tempo joga contra o senador, Clinton continua com uma superioridade de 250 delegados e a cada votação de que passa o senador precisará de uma porcentagem maior de votos do que sua adversária.

“As verdadeiras mudanças sempre acontecem a partir das bases”, afirmou Bernie Sanders em discurso para os seus apoiadores. O senador pelo Vermont, que lançou a sua campanha há menos de um ano quase sem ter uma equipe nem uma organização a apoiá-lo, conseguiu mobilizar eleitores em todo o país e conquistar, assi8m, várias vitórias contra Clinton, que se lançou desde o início como favorita. A vitória do senador em Wisconsin não o transforma em uma ameaça direta à sua concorrente matematicamente falando, mas pode significar que ele deixa de ser um candidato improvável para se tornar um oponente capaz de levar a disputa no processo das primárias até o final.

Sanders entrou nas primárias de Wisconsin com vantagem sobre Clinton nas pesquisas e sustentado por sua arrecadação, que superou a de Clinton pelo terceiro mês consecutivo. Agora, disputará o pleito de Nova York tendo seis vitórias sólidas na bagagem e com toda a pressão sobre os ombros da ex-senadora desse Estado. “Acredito que temos uma possibilidade real de ganhar ali”, disse ele na noite desta terça-feira.

Apoiadora de Sanders aguarda seu discurso em Wisconsin.
Apoiadora de Sanders aguarda seu discurso em Wisconsin.Brennan Linsley (AP)

Como para Sanders, a vitória de Cruz contra Trump nesta terça-feira tem um peso mais moral do que matemático. Embora seus concorrentes procurem demonstrar que têm condições de lavar a disputa pela indicação até a convenção dos republicanos em julho, Trump continua na liderança em número de delegados –um total de 738 ante os 463 de Cruz--, e seu adversário só poderia somar mais 42 nesta noite. Cruz afirmou em Wisconsin que confia na possibilidade de conquistar a maioria dos delegados necessários para representar o seu partido na disputa pela Casa Branca antes da Convenção Republicana de Cleveland “ou durante a convenção”.

O magnata norte-americano tem se valido até agora da solidez de suas vitórias na corrida eleitoral, mas pesquisas mais recentes o colocam cinco pontos atrás de Cruz em Wisconsin. Em termos mais globais, Trump tem caído nas pesquisas, enquanto seus adversários sobem, como mostra um levantamento da Ipsos/Reuters que o coloca empatado com Cruz na luta pela indicação.

Wisconsin mostrou que a reação de Trump diante da crise na última semana não foi suficiente. O republicano havia intensificado suas aparições públicas para tentar reverter uma semana complicada, em que defendeu “algum tipo de punição” para as mulheres que fizerem aborto (corrigiu-se depois com duas propostas diferentes), divulgou uma imagem infeliz da esposa do senador pelo Texas e defendeu o diretor de sua campanha acusado de agredir uma jornalista.

O maior prejuízo para Trump reside em que a esses erros se somará a inexistência, até o momento, de uma vitória que tivesse eliminado definitivamente os seus oponentes, sendo que a próxima votação, a de Nova York, só ocorrerá em 19 de abril. Esse é o tempo que Trump teria para demonstrar se a sua derrota em Wisconsin se deve à demografia desse Estado ou se corresponde a um sintoma de uma queda mais ampla de seu apoio entre o eleitorado de um modo geral. De acordo com a interpretação dos analistas do The Upshot, Wisconsin é um caso isolado, em que predominam eleitores com nível de formação superior, predominantemente religiosos e de tradição protestante. São justamente os grupos em que Trump menos encontra suporte. Mas, como prevê Cruz, a campanha pode mudar a partir da noite desta terça-feira.

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