Escândalo dos ‘Panama Papers’ faz premiê da Islândia pedir demissão
Premiê era sócio de uma 'offshore' credora de parte da dívida dos bancos que quebraram em 2008
O primeiro-ministro da Islândia, o liberal Sigmundur David Gunnlaugsson, apresentou nesta terça-feira um pedido de demissão ao seu Partido Progressista, depois de ser vinculado a uma empresa estabelecida em um paraíso fiscal, como parte dos chamados Panama Papers, uma investigação jornalística que revela atividades de empresas offshore que burlam os fiscos nacionais. A renúncia dele como chefe do Executivo ainda precisará ser aprovada pelo Partido da Independência, sócio na coalizão, e pelo presidente do país, Ólafur Ragnar Grímsson.
Segundo os documentos vazados nos Panama Papers, o primeiro-ministro foi sócio da sua mulher, Anna Sigurlaug Palsdottir, numa offshore sediada nas Ilhas Virgens Britânicas. A firma, da qual Palsdottir é atualmente a única proprietária, é credora de parte da dívida dos bancos islandeses que quebraram em 2008, mergulhando a ilha numa profunda crise.
Poucas horas antes de anunciar sua demissão, Gunnlaugsson solicitou ao presidente que dissolva o Parlamento, conforme prometeu fazer se não obtivesse um apoio claro dos sócios da coalizão. O presidente Grímsson não aceitou imediatamente a demissão por não ter dialogado previamente com as principais formações a fim de determinar se será possível formar um novo Executivo ou se terá de convocar eleições antecipadas.
O primeiro-ministro manteve contatos com o ministro das Finanças e líder do Partido da Independência, Bjarni Benediktsson, também citado nos Panama Papers. "Se os deputados de seu partido não se veem capazes de apoiar o Governo, dissolverei o Parlamento e convocarei novas eleições o quanto antes”, escreveu Gunnlaugsson em sua página do Facebook.
A oposição já apresentou na segunda-feira uma moção de censura contra o Executivo, e milhares de manifestantes fizeram um protesto nas imediações do Parlamento. Uma nova concentração contra Gunnlaugsson foi convocada para esta terça-feira.
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