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E o Oscar vai para... a América Latina?

Em 87 anos só um latino ganhou a estatueta de melhor ator

Alejandro G. Inarritu recebe o Oscar de Melhor Diretor por 'Birdman' em 2015.
Alejandro G. Inarritu recebe o Oscar de Melhor Diretor por 'Birdman' em 2015.AP
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Se em todos os anos — desde que o Oscar começou — pelo menos cinco mulheres foram nomeadas na categoria de melhor atriz, a representação das latino-americanas foi ínfima: menos de 1%. Em 87 anos da celebração dessa festa nem uma latina sequer ganhou o prêmio e somente três foram indicadas nessa categoria. A primeira foi a brasileira Fernanda Montenegro em 1998, seguida da mexicana Salma Hayek e a colombiana Catalina Sandino Moreno.

A diferença na versão masculina dessa categoria é muito pequena: um ganhador, dois indicados. Em março de 1951, o porto-riquenho José Ferrer se tornou o primeiro latino a levar a estatueta para casa. Sua atuação no filme Cyrano de Bergerac lhe valeu a honraria na categoria de melhor ator. Dois anos antes tinha sido indicado para melhor ator coadjuvante no filme Joana D’Arc. Anos mais tarde, nessa categoria, foram indicados os mexicanos Anthony Quinn e Demián Bichir. Nenhum deles ganhou.

A maioria dos latino-americanos que ganhou um prêmio da Academia — não chegam nem a 25 nas várias categorias — provém de dois países: México e Porto Rico. Mas houve também alguns, muito poucos, da Argentina, Chile, El Salvador e Uruguai.

Em 2014, o mexicano Alfonso Cuarón foi o primeiro a ganhar o prêmio de melhor diretor, pelo filme Gravidade. No ano passado, seguiu seus passos o compatriota Alejandro González Iñárritu, vencedor por Birdman ou (A Inesperada Virtude da Ignorância), feito que este ano poderá repetir com o filme O Regresso. Com essa mesma produção, nas categorias de melhor fotografia e melhor edição de som, competem os mexicanos Emmanuel Lubezki e Martín Hernández. Se Lubezki vencer no domingo, será o primeiro diretor de fotografia do mundo a conseguir o prêmio por três anos consecutivos. O primeiro foi por Gravidade (2014) e o segundo, por Birdman (2015).

Este ano também estão competindo três produções latino-americanas: o brasileiro O Menino e o Mundo, de Alê Abreu, na categoria de melhor filme de animação, História de um Urso, do chileno Gabriel Osorio, pelo prêmio de melhor curta-metragem de animação, e O Abraço da Serpente, do colombiano Ciro Guerra, como melhor filme estrangeiro.

Papéis repletos de estereótipos

A primeira latina a ganhar um Oscar o obteve na categoria de melhor atriz coadjuvante e foi a porto-riquenha Rita Moreno, em 1962, por sua atuação como Anita no filme Amor, Sublime Amor (West Side Story). Moreno, de 84 anos, mora na Califórnia e se dedica a atuar e cantar no cinema, teatro e televisão. Sobre esse papel, a atriz disse em uma entrevista em 2013 que foi o único de sua careira com “dignidade, força e respeito”.

Rita Moreno em Beverly Hills no dia 8 de fevereiro.
Rita Moreno em Beverly Hills no dia 8 de fevereiro.JB LACROIX (GETTY)

“Antes de West Side Story sempre me ofereciam papéis estereotipados de latinas. As Conchitas e as Lolitas dos westerns. Sempre estava descalça. Era humilhante, vergonhoso, mas fazia porque não havia mais nada. Depois de West Side Story era mais ou menos a mesma coisa. Muitas histórias de gangues”, disse em uma entrevista ao Miami Herald em 2008. Nessa mesma categoria foram nomeadas em todos esses anos outras cinco latinas, e só uma delas ganhou: Lupita Nyong'o, por seu papel em 12 Anos de Escravidão. Nyong'o nasceu no México, mas foi criada no Quênia.

Os latinos que receberam a estatueta de melhor ator coadjuvante foram dois: Anthony Quinn, em duas ocasiões, por sua interpretação em ¡Viva Zapata! e Sede de Viver, e Benicio del Toro por seu papel em Traffic. No domingo seis latino-americanos competem pelo Oscar e para fazer parte dessa curta lista de latinos que conseguiram levar uma estatueta dourada para casa.

Em números

Na história dos Oscars, somente dois diretores latino-americanos ganharam o prêmio de melhor diretor: os mexicanos Alfonso Cuarón e Alejandro González Iñarritu.

Se ganhar no domingo na categoria de melhor fotografia, o mexicano Emmanuel Lubezki, se tornará o primeiro diretor de fotografia a receber o prêmio por três anos consecutivos.

Foi preciso transcorrerem mais de 20 anos —desde o começo do Oscar— para que um latino-americano ganhasse uma estatueta. Isso aconteceu em 1951, com o porto-riquenho José Ferrer.

Seis latino-americanos estão entre os nomeados este ano.

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