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A única transgênero indicada ao Oscar 2016 também boicota a cerimônia

Anohni (antes Antony Hegarty, da banda Antony and the Johnsons) ataca a Academia de Hollywood Lamenta não ter sido convidada a tocar a música pela qual está indicada

A cantora Anohni/ Vídeo: A canção indicada ao Oscar, ‘Manta Ray’
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A falsa diversidade do Oscar

Há outro boicote no Oscar. Após a decisão de várias estrelas negras de não comparecer, incluindo Spike Lee e Will Smith, pela falta de inclusão nas indicações, agora é a vez da primeira transgênero indicada ao prêmio: Anohni (Antes Antony Hegarty, líder da banda Antony and the Johnsons) anunciou que também não estará presente à cerimônia, apesar da indicação de melhor canção, ao lado de J. Ralph, por Manta Ray. A artista ficou indignada porque não foi convidada a tocar durante a entrega dos prêmios, já que normalmente as músicas que disputam a estatueta são interpretadas no palco. A agência AFP afirma que Anohni é a segunda transexual indicada ao Oscar, mas a primeira cantora.

Três dos cinco indicados na categoria de melhor canção atuarão na noite do Oscar: Lady Gaga, The Weeknd e Sam Smith, segundo a AFP. David Lang, que concorre com a música La Juventud, de Paolo Sorrentino, é o outro excluído. Já Dave Grohl, líder dos Foo Fighters, vai se apresentar embora não tenha sido indicado ao prêmio.

Anohni se queixa da indiferença do Oscar por vários motivos. Acima de tudo, “não fui convidada a me apresentar porque sou bastante desconhecida nos Estados Unidos, e cantar uma música sobre o ecocídio provavelmente não venda muito”, escreve em um comunicado no Facebook. Manta Ray aparece no documentário Racing Extinction, sobre como os humanos estão destruindo o planeta.

A artista também considera que sua condição de transgênero afetou a decisão da Academia. “Se você seguir os rastros, a verdade mais profunda de tudo isso é impossível de ignorar. Como a mudança climática, não se trata de um evento isolado, mas de uma série de acontecimentos que ocorrem ao longo dos anos e criam um sistema que buscou me desautorizar, primeiro por ser afeminada desde pequena e depois como mulher transgênero andrógina. É um sistema de opressão e diminuição de oportunidades para os trans que o capitalismo dos EUA usou para destruir nossos sonhos”, completa a nota. A cantora diz que estava a ponto de embarcar no avião rumo a Los Angeles quando foi tomada pela raiva. “Ali estava eu, sentindo a pontada de vergonha que me fazia lembrar daquelas afirmações dos EUA sobre minha inadequação por ser uma pessoa trans. Dei meia volta e fui para casa.”

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