_
_
_
_
_

Alejandro Sanz, um artista que não se esconde

“Tomara que sirva para alguma coisa”, disse Alejandro Sanz, que expulsou um agressor de um show Também deu voz a crianças com câncer e AIDS, além de defender a liberdade de Leopoldo López

Alejandro Sanz, em 22 de novembro de 2015.Foto: atlas | Vídeo: CORDON PRESS / ATLAS
Andrea Morales Polanco

Quando necessário, abandona sua guitarra e viaja para o Ártico. Ou se transforma em designer de lenços para crianças com câncer. E nem as luzes que o iluminam em pleno show evitam que Alejandro Sanz interrompa sua apresentação quando se trata de lutar contra o machismo. No sábado, o cantor espanhol deixou o palco de Rosarito, no estado mexicano da Baixa Califórnia (noroeste do México), para defender uma mulher na plateia que estava sendo assediada por um homem.

Mais informações
Alejandro Sanz interrompe show para defender mulher que era agredida
JUAN ARIAS | 'Meu marido me bate dentro do normal'
Madonna, Kendall Jenner e Miley Cyrus, espancadas em montagens
Jovens e veteranas na luta global das mulheres por igualdade em 2016

O concerto mal havia começado, e Alejandro Sanz interpretava Música no se toca no palco. Como é normal em qualquer show do intérprete de Un zombie a la intemperie, logo começaram o tumulto e os gritos, no entanto, alguma coisa estava errada. O cantor percebeu quando um homem na plateia agredia uma de suas fãs. Sem pensar um segundo, deixou a guitarra de lado e desceu do palco. As fãs gritavam ainda mais ao ver o ídolo tão de perto. Mas, desta vez, o cantor não tinha intenção de cumprimentar os fãs de longa data. Não se tratava de um ato de simpatia, e sim de combate. Sua raiva o levou ao ofensor que estava quase na primeira fila. Sanz se aproximou o máximo que pôde e o encarou, até que os agentes de segurança entraram em ação e expulsaram o agressor do estabelecimento.

"Tudo bem? Tem certeza? Bem, peço desculpas pelo episódio porque não admito que ninguém agrida ninguém, não importa [quem seja], e muito menos uma mulher, porque aí... neste caso nem pensar. Não se bate em mulher”, disse o cantor, e a plateia irrompeu em aplausos. E, embora não queira ser o protagonista dessa história, as redes sociais não param de enviar mensagens com elogios ao músico. "Prefiro pensar que qualquer um no meu lugar teria feito o mesmo", disse Sanz. "Tomara que o ocorrido sirva para conscientizar", afirmou o cantor, de 47 anos, que agora vai para o Chile para uma apresentação em 24 de fevereiro no Festival da Canção de Viña del Mar.

A atitude do músico também serviu para demonstrar o que deve ser feito quando presenciamos uma cena de violência de gênero: denunciar, não calar. A Polícia Nacional aproveitou o impacto do ocorrido na mídia e tuitou: "NÃO, NÃO e NÃO à # violênciadegênero. Se você é vítima ou testemunha #Denuncie. Faça como @AlejandroSanz. NÃO fique em silêncio". No Brasil, segundo indica o site Compromisso e Atitude, foram 5 milhões de ligações de denúncias de violência contra mulheres nos últimos 10 anos.

Cerca de três dias atrás, Sanz usava a voz em defesa de outra causa: a liberdade do opositor venezuelano Leopoldo López. "Olá, minha gente da Venezuela. Primeiro, quero mandar todo meu carinho, minha solidariedade para vocês, e acho que é hora de pedir a anistia para Leopoldo López e para todos os presos políticos do país. Um abraço bem forte", proclamou em um vídeo.

Campanha 'Grito pela liberdade'.

E não é a primeira vez que defende uma causa pelos venezuelanos. Em 2008, juntamente com Miguel Bosé e Juanes, vestidos completamente de branco, os três artistas lançaram um grito pela paz. Naquela ocasião, o local escolhido foi a ponte Simón Bolívar, que une a Colômbia e a Venezuela. "Estamos fazendo história nesta fronteira. A mensagem é muito clara: Não queremos guerra", gritou Sanz.

As crianças, o câncer e a AIDS também mobilizam o cantor. "Quando você é pai de uma criança, é pai de todas as crianças do mundo", disse enquanto inaugurava um parque infantil para crianças que sofrem de câncer no Hospital 12 de Octubre, em Madri. Em 2010, tomou uma pílula "contra a dor dos outros" para lembrar aqueles que estão lutando contra doenças negligenciadas, em uma campanha promovida pela organização Médicos Sem Fronteiras. E, talvez, a causa que mais lhe exige esforço tem sido a luta para salvar o Ártico. Em 2013, deixou o conforto do lar durante oito dias para realizar uma expedição no território com o Greenpeace. Com esse projeto, Alejandro Sanz denunciou a deterioração em curso na região como resultado da mudança climática e da chegada das companhias petrolíferas.

Mais informações

Arquivado Em

Recomendaciones EL PAÍS
Recomendaciones EL PAÍS
_
_