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“Há muito alarmismo” com o zika, diz windsurfista que teve a doença

Espanhola Marina Alabau, que contraiu o vírus no Brasil, minimiza a preocupação com as Olimpíadas

Juan Morenilla
Marina Alabau, em 2014.
Marina Alabau, em 2014.EFE

Era a primeira vez que escutava essa palavra: zika. A windsurfista espanhola Marina Alabau voltara para sua casa em Tarifa (sul da Espanha) com febre, manchas vermelhas por todo o corpo e dor nas articulações. Os sintomas haviam começado antes do Natal, durante a Copa do Brasil de vela, disputada em Niterói, no Estado do Rio do Janeiro. Não conseguia treinar e voltou à Espanha para averiguar o que ela tinha. “É o zika vírus”, informou-lhe um médico. “Não tem remédio. Mas fique tranquila que não é nada grave. Não vá a um hospital fazer exames porque não vão saber o que você tem. Essa doença não é conhecida na Europa.”

Marina Alabau, a melhor velejadora espanhola, ouro na Olimpíada de Londres-2012 na classe RS:X (windsurfe olímpico), não se alarmou. Com descanso, recuperou-se em poucos dias. Depois disso, competiu em Miami e nesta segunda-feira começa sua participação no Mundial da categoria, em Eliat (Israel). “Mas este não é o meu objetivo. A Olimpíada é”, diz a sevilhana, de 30 anos. Será a oportunidade de ela voltar ao Brasil, país onde em dezembro contraiu zika, doença transmitida pelo mosquito Aedes aegypti (assim como a dengue e a chikungunya) e que está motivando grande preocupação na família olímpica. “Mas há muitíssimo alarmismo”, minimiza Alabau; “uma gripezinha te deixa quatro dias de cama, e é muitíssimo pior que a zika. A zika é que não é nada. É menos que um resfriado. Teve gente que me mandou mensagem: ‘Fiquei sabendo que você está com zika, tomara que esteja bem’. Só que não aconteceu nada comigo! Eu nem dei importância nem teve consequências. Não é grave. Simplesmente é famoso e ponto. Com relação à Olimpíada, pode influenciar, certamente algum esportista pegará o vírus antes da competição. Mas também há outros vírus, as pessoas se resfriam e se contundem… está na moda”.

O vírus não é grave. Simplesmente é famoso

As delegações dos Estados Unidos e do Quênia, apesar disso, já disseram que seus atletas terão a liberdade de não participar da Olimpíada se estiverem com medo da zika, uma doença cuja consequência mais grave é sua relação com a microcefalia fetal. “Eu lembro sem detalhes, simplesmente passei mal e o meu médico me disse que tinha zika. Nem fiquei de cama. Só um pouco abatida um dia”, comenta Alabau. Nem o marido dela, Alex Guyader, nem a filha, Marta, de dois anos e meio, contraíram o vírus. Para a Olimpíada, no entanto, a menina permanecerá em Tarifa. “Ela viaja muito, já esteve três vezes no Brasil”, conta Alabau, que às vezes leva Marta às competições, com um avô, e em outras a deixa em casa, com seus pais.

Mais do que o zika vírus, a grande preocupação da espanhola para a Olimpíada é a poluição na baía de Guanabara, cenário das provas de vela no Rio, onde ela tentará buscar sua segunda medalha em três edições dos Jogos (foi quarta colocada em Pequim-2008). Alabau é uma eminência no RS:X, pentacampeã europeia, número 1 do mundo e atual dona do ouro olímpico. Costuma passar três meses por ano no Brasil, fugindo do inverno espanhol e porque é mais barato. Antes da Olimpíada, que acontece de 5 a 21 de agosto, disputará a Copa do Mundo e, entre junho e julho, alternará duas semanas de treinos no Rio com duas em Tarifa.

Alabau quer se manter na onda até os Jogos de Tóquio-2020. Depois se dedicará ao seu site, o malabau.com, que oferece atividades de surfe e alojamento mundo afora.

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