Diretores da Samarco serão indiciados por mortes na tragédia de Mariana
Polícia Civil ainda vai definir se o crime será enquadrado como doloso ou culposo. Ao todo, 17 morreram
No dia em que a tragédia de Mariana completou três meses, a Polícia Civil de Minas Gerais informou que irá indiciar criminalmente diretores e membros da mineradora Samarco pelas mortes causadas pelo rompimento da barragem de Fundão. Até o momento, 17 corpos foram resgatados da lama na região de Mariana e outros dois ainda não foram localizados. Essa foi a primeira vez que a polícia falou oficialmente em crime no caso de Mariana e não de acidente.
Segundo o delegado Rodrigo Bustamante, responsável pelo inquérito que apura o desastre causado pela barragem da Samarco, a modalidade do crime ainda será definida: doloso (quando há intenção de matar) dolo eventual (quando não há a intenção, mas assume-se o risco) ou culposo (sem intenção). Bustamante não citou nomes nem a quantidade de pessoas que serão indiciadas.
Nesta sexta-feira, mandados de busca e apreensão foram cumpridos nas sedes da Samarco em Belo Horizonte e em Mariana para recolher materiais e dados dos envolvidos na investigação. Foram copiados e-mails, trocas de mensagem e documentos da empresa, como os balanços financeiros. O delegado quer saber se os diretores sabiam do risco iminente do rompimento da barragem, de onde vazaram 32,5 milhões de metros cúbicos de rejeitos de minério de ferro. A documentação apreendida também ajudará a polícia a descobrir se instrumentos de controle da pressão da água no solo estavam funcionando adequadamente. A análise do material recolhido deve ficar pronta em uma semana, segundo Bustamante.
Após a operação, a Samarco afirmou que considera a medida desnecessária já que respondeu a todos os ofícios e requisições das autoridades e tem uma política rigorosa de preservação de suas informações.
A polícia tem até o dia 15 de fevereiro para concluir o inquérito ou pedir nova dilação de prazo à Justiça. Mais de 80 pessoas foram ouvidas, entre elas o ex-presidente da mineradora, Ricardo Vescovi, que pediu licença do cargo para cuidar da defesa em outra investigação. Ele e outros diretores da Samarco já foram indiciados pela Polícia Federal no processo que investiga crimes ambientais, além da própria mineradora e uma de suas controladoras, a Vale.
A polícia apura também a tese do crime continuado no caso do dano ambiental, já que ainda após a tragédia, os rejeitos despejados continuam poluindo o rio Doce. O rompimento da barragem, considerado o pior desastre ambiental da história do Brasil, gerou uma tsunami de lama de rejeitos que atingiu mais de 40 cidades de Minas Gerais e Espírito Santo.
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