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Dilma e Obama acertam criar grupo para produzir vacina contra zika

Presidenta ligou ao mandatário dos Estados Unidos para 'aprofundar a cooperação bilateral' entre os países

Dilma Rousseff fala com a imprensa nesta sexta.
Dilma Rousseff fala com a imprensa nesta sexta.Fernando Bizerra Jr. (EFE)
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A presidenta brasileira Dilma Rousseff e o mandatário dos Estados Unidos, Barack Obama, acordaram a criação de um grupo binacional para estudar e desenvolver uma vacina contra o zika vírus, doença apontada como a responsável pelo aumento dos casos de microcefalia no Brasil. O acordo foi feito em um telefonema de Rousseff para Obama nesta sexta-feira. Nos próximos dias, o ministro da Saúde, Marcelo Castro, se reunirá com representantes do Departamento de Saúde norte-americano.

Na quinta-feira,o diretor do Instituto Nacional de Alergia e Doenças Infecciosas dos Estados Unidos, Anthony Fauci, revelou que o país já está trabalhando em dois projetos de vacina contra o zika. No entanto, segundo ele, apesar dos estudos “promissores” e do fato de que os primeiros testes poderão ser feitos antes do fim de 2016, não é provável que a vacina chegue à população nos próximos anos. Castro também já afirmou que o processo levará, no mínimo, dois anos. Até o momento, no território continental dos Estados Unidos, foram confirmados 31 casos de zika vírus, registrados em 11 Estados e na capital. Todos os doentes foram infectados em viagem ao exterior.

O grupo binacional acordado por Rousseff e Obama terá como base uma parceria já existente de cooperação para a vacina da dengue, formada pelo brasileiro Instituto Butantan e o norte-americano National Institutes of Health. Nenhum detalhe sobre datas foi fornecido, até o momento, pelo Governo brasileiro.

A vacina é apontada como uma das principais necessidades, neste momento, no combate à doença. O vírus é transmitido pelo mosquito Aedes aegypti, amplamente disseminado nas Américas. Mas o desenvolvimento dela impõe um grande desafio, pois ainda não se tem certeza de que o zika apresenta apenas um sorotipo, ao contrário da dengue (que tem 4), nem qual a capacidade de o vírus sofrer mutações, o que tornaria a imunização inviável a cada nova epidemia. Para a dengue, que já existe há décadas, só se conseguiu desenvolver uma vacina no ano passado, ainda assim, ela não é totalmente eficaz.

Guerra difícil

Rousseff afirmou nesta sexta-feira que o país está perdendo a luta contra o mosquito Aedes aegypti, que transmite além do zika, a dengue e a febre chikungunya.

"Nós estamos perdendo a luta contra o mosquito. Não vou dizer que estamos ganhando, mas nós vamos ganhar esta guerra", disse a mandatária à imprensa, após participar de uma conferência com governadores de Estados onde a situação de contágio das doenças é mais crítica. A declaração foi feita ao lado do ministro da Saúde, Marcelo Castro, que desde outubro tem causado mal-estar no Governo ao fazer declarações como a de que o país perdia "feio" na tentativa de conter o Aedes aegypti. Depois da fala de Castro, Dilma chegou a dizer que o ministro, que ganhou a pasta em outubro passado, depois de uma reforma ministerial feita para agradar os aliados conservadores do PMDB, havia sido “mal interpretado”. Nesta sexta, no entanto, voltou atrás: "Por que criar um problema com a constatação da realidade? Dizer que estamos perdendo é porque nós queremos ganhar. Estamos dizendo que se não nos mobilizarmos, vamos perder ", disse.

A presidenta voltou a chamar a atenção da população para a necessidade de uma mobilização de combate contra o Aedes. O ministério afirma que 80% dos focos de criadouro do mosquito estão dentro das casas das pessoas. Dilma Rousseff disse que o país não demorou a enfrentar o problema e que podemos estar diante de uma “situação internacional de saúde pública”. À imprensa, ela ressaltou que não faltará dinheiro para as iniciativas de combate ao mosquito. Homens das Forças Armadas já estão atuando junto a municípios onde a situação é mais crítica.

Combate tardio

Para especialistas, entretanto, o Governo demorou para agir contra o problema. Quando o zika foi confirmado no país, em maio de 2015, já se sabia, por meio de estudos feitos em outros países da Ásia que tiveram a epidemia, que ele tinha uma preferência pelo sistema nervoso e poderia estar associado à Síndrome de Guillain-Barré, uma doença autoimune que causa fraqueza muscular e pode provocar, em casos mais graves, paralisia na respiração. Em julho de 2015, na Bahia, Estado que entre abril e maio daquele mesmo ano registrou epidemia de zika, surgiram 115 casos suspeitos da síndrome.

O aumento de casos de microcefalia, outra intercorrência grave do zika, começaram a aparecer no final de outubro e já havia a suspeita de que a condição poderia estar ligada com o zika. O último boletim do Ministério da Saúde apontou que 3.448 casos suspeitos de microcefalia estão sendo investigados pelo país.  

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