Não existe um plano para Cervantes
É necessário um programa sólido para aproveitar a comemoração do quarto centenário do autor de ‘Dom Quixote’
As comparações são odiosas, mas às vezes podem servir para avaliar como diferentes países lidam com desafios semelhantes. Tanto Miguel de Cervantes como William Shakespeare morreram em 1616 e ambos são os maiores expoentes da língua espanhola e da inglesa, respectivamente.
No início deste ano, o primeiro-ministro do Reino Unido, David Cameron, lançou ao mundo uma mensagem categórica, que Shakespeare continua vivo, e pouco a pouco começou a se concretizar a ofensiva internacional de propostas com as quais se pretende projetar a obra do clássico autor em 141 países. Quanto a Miguel de Cervantes, só existe a vaga afirmação de que estão em andamento 131 projetos — acadêmicos, culturais, turísticos e educacionais.
Não faz sentido mensurar a envergadura dos clássicos pela magnitude da pompa programada para comemorar seus centenários. O que importa é que sejam lidos e representados, e que a obra de ambos continue falando no presente. Nesse sentido, Dom Quixote contou com o apoio de prestigiosos defensores que o mimam desde 2005, quando foi comemorado o quarto centenário da publicação de sua primeira parte.
No ano passado, aniversário da publicação da segunda parte, houve excelentes iniciativas que ajudaram a confirmar sua grandeza. Mas foram eventos pontuais, muitas vezes resultado da sociedade, na ausência de um verdadeiro plano rigoroso e bem articulado que atenda às expectativas exigidas de qualquer Governo no que se refere ao patrimônio cultural de que é responsável: torná-lo parte essencial da educação das crianças, cuidar dele para que continue vivo e saber projetá-lo para tirar proveito de todo o seu potencial (também econômico).
Das tarefas da Comissão responsável pelo quarto centenário de Cervantes pouco se sabe. E isso, a essas alturas, parece confirmar que não existe nenhum plano claro.
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