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Fuga de três assassinos de aluguel causa escândalo na Argentina

Um dos criminosos havia acusado o ex-chefe de Gabinete kirchnerista de ser traficante de drogas

Escoltado, Martín Lanatta deixa o fórum depois de testemunhar, em agosto.
Escoltado, Martín Lanatta deixa o fórum depois de testemunhar, em agosto.FOTO CEDIDA POR EL DIARIO CLARÍN
Alejandro Rebossio

A fuga de três matadores de aluguel de uma prisão de segurança máxima da província de Buenos Aires neste domingo ameaça se transformar em um escândalo político poucos dias depois do início do mandato do presidente Mauricio Macri na Argentina. Durante a recente campanha eleitoral, um dos fugitivos acusou de dentro da prisão o então governador peronista da província, Aníbal Fernández, de ser o mentor intelectual dos três crimes e de comandar uma rede de tráfico de drogas. Fernández, que foi chefe de Gabinete de Cristina Kirchner, acabou perdendo as eleições para María Eugenia Vidal, que pertence ao partido de Macri.

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A facilidade e o aspecto espetacular da fuga agitam as águas turvas do submundo político argentino. Às 2h45 do domingo, portando uma arma de brinquedo, Martín Lanatta e os outros dois condenados pelo triplo assassinato dominaram os carcereiros e saíram pela porta principal da prisão General Alvear, localizada a 219 quilômetros ao sul de Buenos Aires, fugindo em um Fiat Uno pertencente a um deles.

“As máfias e os narcotraficantes que pretendam se colocar acima da lei encontrarão um Estado nacional e estados provinciais atuando ao seu lado”, afirmou nesta segunda-feira o chefe de Gabinete de Ministros do Governo Macri, Marcos Peña. Além disso, ele expressou seu “absoluto apoio a Vidal”, que exonerou os responsáveis pelos serviços carcerários herdados da administração do ex-candidato kirchnerista à presidência, Daniel Scioli.

Aníbal Fernández, por sua vez, atacou adversários internos ao peronismo. “Tudo não passa de uma invenção criada para me desprestigiar justamente uma semana antes das eleições. Se entra dinheiro em jogo, a pessoa diz qualquer coisa. Agora, alguém pagou por algum favor. Pessoas do meu próprio grupo participaram dessa brincadeira”.

Em contrapartida, o irmão de um dos fugitivos, Franco Schillaci, afirmou temer pela vida dos três e acusou policiais de terem-nos pressionado para que parassem de fazer acusações ao ex-chefe de Gabinete kirchnerista.

A história teve início em 2007, durante a campanha que levou Cristina Kirchner à presidência. Dentre os principais doadores de sua campanha, aparecia um empresário do setor farmacêutico, Sebastián Forza. No ano seguinte, ele e mais dois colegas foram assassinados pelos três presos que fugiram neste domingo. A investigação do caso mostrou que ele estava ligado ao tráfico de efedrina para elaboração de drogas, em uma conexão com o México. O secretário da Luta contra o Narcotráfico dos Governos kirchneristas entre 2004 e 2011, José Ramón Granero, foi processado por negligência no controle sobre a importação de efedrina.

Em agosto passado, um dos condenados pelo triplo homicídio, Martín Lanatta, atacou Aníbal Fernández em uma entrevista dada na prisão e transmitida pela televisão. A cadeia estava sob o comando de Scioli, que na ocasião ainda governava a província de Buenos Aires. As declarações de Lanatta foram dadas uma semana antes das eleições internas do peronismo, mas, apesar delas, Fernández conseguiu derrotar o seu adversário. Em compensação, as acusações pesaram bastante para a derrota, em outubro, diante da liberal María Eugenia Vidal, uma cientista política de 42 anos, mãe de três filhos. “As pessoas olham para Aníbal, depois olham para mim, e entendem muito bem quem é que será capaz de tirar os seus filhos da droga”, dizia Vidal em sua campanha. Sua surpreendente vitória, que afastou o peronismo do poder na província de Buenos Aires depois de 28 anos de dominação, alimentou o favoritismo de Macri no segundo turno da eleição presidencial contra Scioli em novembro. Macri destacou o combate ao narcotráfico como uma das prioridades de seu governo.

O promotor que investiga a fuga dos três assassinos profissionais, Cristian Citterio, disse nesta segunda-feira a uma emissora de rádio que os presos receberam ajuda de fora e que escaparam disfarçados de guardas. Fontes citadas pela agência de notícias Talam afirmam que a fuga se deu quando os réus estavam na área sanitária da prisão por razões de segurança. As autoridades deslocaram cerca de 600 policiais de Buenos Aires, além de três helicópteros, para a operação de captura dos fugitivos.

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