Senadores de origem cubana surgem como alternativas a Donald Trump
Queda de Jeb Bush nas pesquisas faz com que os senadores se mostrem como alternativa
A política nos Estados Unidos gira há seis meses em torno do fenômeno Donald Trump. Com seu discurso xenófobo e seu estilo fanfarrão, o magnata tem dado o ritmo da pré-campanha para as eleições de 2016 e aparece nas pesquisas como favorito para a indicação como candidato pelo Partido Republicano. A inesperada queda de Jeb Bush nas pesquisas possibilita a dois senadores de origem cubana, Ted Cruz e Marco Rubio, que se alcem como principais alternativas a Trump na disputa pela candidatura presidencial.
De forma discreta, Cruz e Rubio foram ganhando terreno aos poucos entre os eleitores. A indicação para a candidatura a presidente é uma corrida de fundo em que ainda podem ocorrer muitas surpresas, mas Cruz, senador pelo Texas, e Rubio, pela Flórida, mostram já terem apresentado de forma clara as suas credenciais para concorrer com Donal Trump.
O showman continua a liderar as pesquisas com ampla margem diante dos demais concorrentes conservadores, mas Cruz, com cerca de 15% de apoio, aparece em segundo lugar, superando, assim, o neurocirurgião Bem Carson, que corre por fora. Enquanto isso, Rubio avança para o quarto lugar, o que lhe permite sonhar com a possibilidade de se tornar candidato.
Cruz e Rubio, ambos com 44 anos de idade, são dois candidatos que correspondem melhor às tradições dos republicanos. Embora os dois sejam bastante conservadores, com visões ultraortodoxas em matéria de economia e de questões sociais polêmicas, Cruz é mais doutrinário do que Rubio, que vê a política de forma mais pragmática. Se alguma coisa os levou a se diferenciarem ao longo de sua trajetória, foi a questão da imigração. Sem chegar ao radicalismo de Trump, Cruz é partidário de uma política dura, enquanto Rubio foi um dos oito senadores que, em 2013, apresentaram uma proposta ambiciosa, elaborada por republicanos e democratas, no sentido de uma reforma no tratamento da questão migratória, iniciativa que acabou por ser abortada pelos conservadores. Essa reforma apresentava uma solução para um conflito que não avança, ou seja, a situação irregular em que vivem 11 milhões de imigrantes.
Voto hispânico
A indicação de um desses dois candidatos poderia, de certa maneira, melhorar a imagem dos republicanos entre os eleitores hispânicos, vistos como decisivos na eleição do ano que vem. Trump tem menosprezado essa parcela da população com seu discurso anti-imigração, especialmente contra os mexicanos, que classificou de traficantes e estupradores. É o que pensa Sebastián Arcos, diretor-associado do Instituto de Pesquisas Cubanas da Universidade Internacional da Flórida, para quem tanto Rubio como Cruz atrairiam parte dos votos hispânicos, que, nas duas últimas eleições, vencidas por Barack Obama, foram dirigidos para o Partido Democrata. “Os dois os atrairiam, mas Rubio mais ainda, pois tem estado mais próximo da comunidade cubana de Miami, com mais contato com os exilados tradicionais”, afirma Arcos, que lembra que, diferentemente de Cruz, o senador pela Flórida fala espanhol com fluidez.
Cruz e Rubio tem consciência de que, caso Trump caia, são eles os mais bem colocados para assumir a candidatura
Ric Herrero, um consultor político especializado em questões cubanas, discorda. “Isso não seria significativo. O restante dos hispânicos vê os cubanos como algo diferente, pois não gozam dos benefícios da lei de ajuste dos cubanos”, afirma. Essa lei especial permite aos cidadãos da ilha do Caribe a obtenção do estado de residência um ano depois de pisar em solo norte-americano.
Cruz e Rubio tem consciência de que, se Trump cair nas pesquisas (algo que tem sido previsto há tempos por muitas pessoas, mas que até agora não ocorreu), são eles os concorrentes mais bem colocados para a disputa pela candidatura. Essa é a razão pela qual, nas últimas semanas, os dois tem se olhado de lado, trocando farpas, diretamente ou em suas campanhas. Rubio criticou o voto favorável dado por Cruz a uma proposta sobre segurança nacional, enquanto o senador do Texas criticou seu colega da Flórida por seu acordo com os democratas, no passado, sobre a questão da imigração.
Vantagem do senador texano
As últimas pesquisas, divulgadas neste fim de semana, indicam um avanço do senador texano Ted Cruz entre os concorrentes republicanos no estado decisivo de Iowa. De acordo com o The Des M Register / Bloomberg Politics, Cruz angariaria 31% de apoio, 10 pontos à frente de Donald Trump, com 21%. Este se apressou em difundir uma suposta pesquisa da CNN que apontaria 33% para ele em Iowa, ante 20% para Cruz, segundo a agência AFP.
Tu suscripción se está usando en otro dispositivo
¿Quieres añadir otro usuario a tu suscripción?
Si continúas leyendo en este dispositivo, no se podrá leer en el otro.
FlechaTu suscripción se está usando en otro dispositivo y solo puedes acceder a EL PAÍS desde un dispositivo a la vez.
Si quieres compartir tu cuenta, cambia tu suscripción a la modalidad Premium, así podrás añadir otro usuario. Cada uno accederá con su propia cuenta de email, lo que os permitirá personalizar vuestra experiencia en EL PAÍS.
En el caso de no saber quién está usando tu cuenta, te recomendamos cambiar tu contraseña aquí.
Si decides continuar compartiendo tu cuenta, este mensaje se mostrará en tu dispositivo y en el de la otra persona que está usando tu cuenta de forma indefinida, afectando a tu experiencia de lectura. Puedes consultar aquí los términos y condiciones de la suscripción digital.