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Donald Trump quer proibir a entrada de todos os muçulmanos nos EUA

“Até que entendamos essa ameaça, nosso país não pode ser vítima de ataques horríveis”

Donald Trump, durante a campanha.Foto: atlas | Vídeo: Kevin Hagen (AP) / Atlas

O pré-candidato republicano à presidência dos Estados Unidos nas eleições de 2016, Donald Trump, pediu nesta segunda-feira que se suspenda temporariamente, mas de forma “absoluta e total”, a entrada de imigrantes muçulmanos no país. O magnata lançou a proposta em uma nota, divulgada poucos dias depois da chacina que matou 14 pessoas em San Bernardino (Califórnia), considerado pelo Governo como um atentado terrorista.

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“Enquanto não conseguirmos precisar e compreender esse problema e a ameaça que ele representa, nosso país não pode continuar sendo vítima de ataques horríveis de pessoas que só acreditam na jihad, que não veem sentido e não respeitam aquilo que a vida humana significa”, afirma a nota assinada por Trump. Para o pré-candidato, os muçulmanos que queiram entrar nos Estados Unidos devem permanecer em seus países “até que as autoridades do nosso país possam entender o que está acontecendo”.

O próprio Trump se encarregou de anunciar a sua proposta de forma pessoa no Twitter. “Acabo de dar fazer uma declaração muito importante sobre a enorme entrada do ódio e de perigos em nosso país”, escreveu ele na rede social. “Devemos ficar alertas!” O pré-candidato defendeu, no último mês, que o Governo norte-americano incremente as medidas de vigilância sobre a comunidade muçulmana, defendendo que isso seja aplicado nas mesquitas.

O republicano é um dos candidatos que, desde os atentados de 13 de novembro em Paris, vem pedindo que os Estados Unidos revejam sua política de asilo e de acolhimento de refugiados procedentes de regiões como a atingida pela Guerra Civil na Síria. Trump já havia proposto, anteriormente, a proibição da entrada de refugiados sírios —que qualificou de “cavalo de Troia”—, assim como a criação de um banco de dados que rastreie as atividades dos muçulmanos residentes no país.

O Censo dos Estados Unidos não registra dados baseados na religião dos cidadãos, mas as estimativas indicam que essa parcela da população reúne entre dois e sete milhões de pessoas. O percentual chegaria no máximo a apenas a cerca de 2% da população norte-americana. O Centro de Pesquisas Pew revelou, em 2011, que 60% dos muçulmanos que vivem no país são imigrantes, sendo que sete em cada 10 deles obtiveram a cidadania.

O massacre da semana passada na Califórnia trouxe à tona o perfil da comunidade muçulmana e a dificuldade existente para se prevenir ataques semelhantes. O presidente Barack Obama declarou neste domingo, em discurso à Nação, que ainda se ignoram muitos detalhes da ação realizada por um casal em San Bernardino, mas reafirmou que a dupla se “radicalizou” nos últimos meses.

As palavras de Obama, que anunciou seu compromisso de intensificar a luta dos Estados Unidos contra o Estado Islâmico e atacou a islamofobia, foram duramente criticadas pelos pré-candidatos republicanos. Marco Rubio, senador da Flórida e um dos favoritos para a indicação do partido, afirmou neste fim de semana que “os cidadãos estão preocupados e assustados”, e chamou a discussão sobre a discriminação dos muçulmanos de “cínica”. “Onde estão as provas de que temos um problema de discriminação nos Estados Unidos contra os muçulmanos?”, perguntou.

Rubio acrescentou, em declarações ao canal FOX News, que o discurso de Obama “agravou” a situação e que os norte-americanos sentem medo “diante da sensação crescente de que temos um presidente completamente defasado”. O pré-candidato conservador é um dos políticos republicanos que criticou Obama por suas declarações de que o avanço do Estado Islâmico “estava sendo contido”, feitas logo após os atentados de Paris. “Nada do que ele disse em seu discurso reduzirá o medo. A única coisa que o ouvimos dizer é que irá manter a mesma estratégia que levou ao que temos hoje”, afirmou Rubio.

O senador republicano ainda não se pronunciou a respeito das declarações de Trump, ao contrário de Jeb Bush, que as qualificou de “loucura”. O ex-governador da Flórida e irmão do ex-presidente George Bush, escreveu no Twitter que o plano do magnata “não é sério” e que os Estados Unidos “precisam de um comandante que tenha um plano sério para derrotar o terrorismo islâmico radical”, e publicou um link para a sua proposta eleitoral.

O Conselho de Relações Islâmico-Norte-americanas lamentou, em declaração à agência Reuters, que a campanha de Trump “tenha entrado no autêntico caminho do fascismo”. O pré-candidato lidera as pesquisas do Partido Republicano com 20 pontos de vantagem sobre o segundo favorito, o senador Ted Cruz, de acordo com a última sondagem da rede CNN. A pesquisa atribui a Trump 36% dos votos conservadores, nove pontos acima do levantamento realizado em outubro.

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