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Não há surpresa de ver o PSDB atrelado ao impeachment, diz Dilma

Tucanos decidiram unificar discurso em torno da destituição presidencial

Dilma na entrega do prêmio nacional de Direitos Humanos.
Dilma na entrega do prêmio nacional de Direitos Humanos.UESLEI MARCELINO (REUTERS)

Nos últimos meses qualquer evento em que a presidenta Dilma Rousseff (PT) recebe mais de 50 pessoas no Palácio do Planalto inicia-se a mesma cantoria: “Não vai ter golpe”. E cada vez que ela decide falar com a imprensa, talvez impulsionada por esse apoio pré-programado, o seu tom confiante aumenta. Nesta sexta-feira, durante a entrega do prêmio nacional de Direitos Humanos, não foi diferente ao dizer que seu Governo “vai lutar contra o impeachment”.

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Mas, diferentemente de outras vezes, em uma rápida coletiva de cinco minutos, demonstrou irritação ao ser questionada sobre o PSDB finalmente afinar o seu discurso em torno da destituição presidencial. “Não é nenhuma novidade. Não é possível que os jornalistas aqui presentes tenham ficado surpreendidos. Aliás, a base do pedido [de impeachment] e das propostas do presidente da Câmara [Eduardo Cunha] é o PSDB, sempre foi. Ou alguém aqui desconhece esse fato?”, questionou Rousseff.

Em uma reunião na tarde desta quinta-feira, os seis governadores do partido, o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso e a cúpula da legenda no Congresso Nacional decidiram apoiar o impeachment. Até então, alguns representantes tucanos, como o governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, e o do Pará, Simão Jatene, estavam em cima do muro. Não diziam claramente que estavam a favor ou não da queda de Rousseff.

No ato desta sexta-feira, dois auxiliares da presidenta discursaram comparando o impeachment a um ato antidemocrático que fere os direitos humanos. “Não podemos permitir que manobras escusas levem a qualquer retrocesso na política de direitos humanos”, afirmou a ministra das Mulheres, Direitos Humanos e Igualdade Racial, Nilma Lino Gomes. “Sem democracia, não há direitos humanos e sem direitos humanos não há democracia”, disse o secretário nacional de Direitos Humanos, Rogério Sotilli.

Na sequência, o ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, também deu entrevistas criticando a atitude dos tucanos. “O que lamento é que algumas pessoas que historicamente ajudaram a construir a democracia no Brasil e que têm uma biografia na luta, na defesa do estado de direito, parece que esqueceram do que defenderam no passado e agora, por questões momentâneas e episódicas, abrem mão de princípios para se somar a uma situação de busca de impeachment que não tem a menor base constitucional, não tem a menor justa causa”, ponderou Cardozo.

PMDB e Temer

Na coletiva, Rousseff também negou que estivesse tentando interferir dentro do PMDB e confrontando seu vice, Michel Temer, para impedir que a legenda desse um suporte ao impeachment dentro da Câmara dos Deputados. “O governo não tem nenhum interesse em interferir nem no PT, nem no PMDB, nem no PR. Mas o governo vai lutar contra o impeachment”.

Nesta semana, 35 dos 66 deputados peemedebistas derrubaram o líder da sigla na Câmara, Leonardo Picciani (RJ), e o substituíram por Leonardo Quintão (MG). Picciani é alinhado ao Governo petista e indicou dois dos sete ministros do PMDB. Já Quintão, bastante afinado com o grupo pró-impeachment e com Eduardo Cunha, aproximou-se do vice-presidente Michel Temer e decidiu apoiar a composição de uma comissão especial paralela dentro do Legislativo para analisar a destituição de Rousseff.

Atualmente, o processo está paralisado por conta da interferência do Supremo Tribunal Federal. Uma decisão sobre essa questão deve sair na próxima quarta-feira, dia 16. Porém, nos bastidores é intensa a movimentação de peemedebistas alinhados com o Governo para devolver a liderança da legenda a Picciani. A ideia é filiar novos deputados ao PMDB e pedir que os peemedebistas que estão licenciados retomem os seus mandatos para beneficiar o antigo líder e, consecutivamente, a presidenta que corre o risco de perder o mandato.

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