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PT sob pressão decide apoiar processo contra Cunha, mas votação é adiada

Sessão do Congresso inviabilizou deliberações. Nova análise está convocada para terça

Eduardo Cunha, presidente da Câmara.
Eduardo Cunha, presidente da Câmara.UESLEI MARCELINO

Os três deputados do PT no Conselho de Ética da Câmara dos Deputados contrariaram o Governo Dilma Rousseff, cederam à pressão de seu partido e decidiram apoiar a abertura da investigação contra o presidente da Casa, Eduardo Cunha (PMDB-RJ). O anúncio foi feito pouco depois da sessão do colegiado desta quarta-feira.

Os petistas Valmir Prascidelli (SP), Léo de Brito (AC) e Zé Geraldo (PA) informaram aos jornalistas que a decisão foi tomada em conjunto com representantes das bancadas da Câmara e do Senado. "Estávamos quase votando a favor do voto em separado que pedia uma condenação mais branda para o investigado. Mas conversamos com nossas bases para saber qual era o sentimento de todos e notamos que a maioria gostaria que o Cunha fosse investigado conforme o relatório do Fausto Pinato", ponderou Geraldo. Pelo relatório de Pinato, em caso de condenação, o peemedebista poderia perder o mandato. Já o outro documento citado por Geraldo, elaborado por Wellington Roberto (PR-PB), previa no máximo uma censura escrita.

Prascidelli quis ressaltar que, embora concordem com a abertura da investigação, os representantes do PT ainda não sabem se estão de acordo com o mérito da questão, ou seja, se Cunha teria quebrado o decoro parlamentar ao mentir na CPI da Petrobras quando disse que não tinha contas bancárias no exterior. "Precisamos investigar para saber se o mérito procede ou não", afirmou.

Com a decisão, os membros do PT sabem que Cunha poderá retaliar a gestão Rousseff decidindo-se pela abertura do processo de impeachment presidencial. "Ele usará as armas que sabe usar. O contexto político mudou e cabe a nós nos prepararmos para qualquer contra-ataque", analisou Geraldo.

Votação adiada

Apesar do anúncio do trio petista, a votação sobre a prosseguimento ou não da representação contra Cunha não andou. Pela terceira vez em três semanas, o Conselho de Ética adiou a decisão. O presidente do Conselho, José Carlos Araújo (PSD), informou que a sessão do Congresso Nacional convocada para mudar a meta fiscal do Governo para este ano inviabilizaria qualquer deliberação.

Alguns dos deputados presentes à reunião chegaram a propor que a reunião seguisse nesta mesma quarta-feira, depois das 18h, quando se espera que a sessão do Congresso termine. Araújo disse, contudo, que "previsão de reunião do Congresso é como previsão do tempo; às vezes a gente acha que vai chover, e não chove". Assim, o presidente do colegiado convocou uma reunião para a manhã de quinta-feira, para deliberar sobre os casos contra o deputado Alberto Fraga (DEM) e contra o deputado Chico Alencar (PSOL), e outra para terça-feira, para tratar de Cunha.

A abertura do processo no Conselho de Ética pode culminar na cassação do deputado, um dos políticos investigados pela Operação Lava Jato, da Polícia Federal, por suspeita de envolvimento com o esquema de desvios bilionários da Petrobras. Ao todo, 21 parlamentares têm direito a voto no Conselho, que tem nas mãos o futuro do peemedebista. Somando as manifestações das últimas duas reuniões com as declarações dadas pelos petistas, o placar até agora é desfavorável a Cunha. Foram nove declarações de votos pelo andamento do processo e um pela suspensão dele. Veja abaixo como se desenrolou a curta reunião.

Assim contamos a sessão-relâmpago minuto a minuto:

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