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Passaporte sírio encontrado no local dos atentados deixa muitas dúvidas

A polícia francesa não confirmou se o documento pertence a um dos terroristas

Guillermo Altares
Imagem de arquivo mostra refugiados cruzando para a Sérvia.
Imagem de arquivo mostra refugiados cruzando para a Sérvia.AP

Um passaporte, que permite acompanhar a rota dos refugiados desde o Oriente Médio até a Europa, foi encontrado no mesmo lugar onde um terrorista se matou ao detonar um cinturão de explosivos, na sexta-feira perto do Stade de France, no início da noite de terror que sacudiu Paris. A polícia, no entanto, vem tratando essa pista com enorme precaução porque, apesar de sua autenticidade, não há qualquer evidência de que pertença a um dos terroristas.

Uma fonte oficial francesa confirmou na segunda-feira à agência France Presse que o passaporte pertencia a um cidadão sírio chamado Ahmad Almuhammad, mas salientou que essa informação deve ser tratada com extrema prudência porque ainda não está provado que o documento pertencia a um dos três terroristas suicidas que agiram junto ao Stade de France.

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Entretanto, a descoberta foi utilizada por vários líderes europeus para sustentar o perigo de que jihadistas se misturem em meio ao fluxo de refugiados que fogem da guerra civil na Síria. A última política a fazer declarações nesse sentido foi a dirigente da Frente Nacional, de extrema direita, Marine Le Pen.

O ministro do Interior da Grécia, Nikos Toskas, afirmou no sábado que o passaporte pertence a um refugiado sírio que chegou em 3 de outubro à ilha de Leros, no Dodecaneso, e que ali foi “registrado conforme as regras da União Europeia”. Na declaração à imprensa dada no sábado, quando forneceu todos os detalhes da investigação, o procurador da República, François Molins, disse que se tratava de um cidadão nascido em 1990 que não tinha ficha policial e, portanto, não era procurado nem pelos serviços secretos franceses nem pela Interpol.

A Grécia dispõe há pouco tempo de um sistema informatizado fornecido pela Frontex que permite colher as impressões digitais dos refugiados e criar uma base de dados com elas. Almuhammad chegou a Leros junto com mais 69 pessoas em uma embarcação. Foi identificado e, segundo a agência Reuters, também foram colhidas suas impressões digitais.

Em todo caso, o refugiado seguiu sua rota. Segundo a imprensa sérvia, registrou-se em 7 de outubro em Presevo (Sérvia), como milhares de refugiados no longo caminho até a UE, onde conseguiu chegar em 8 de outubro, concretamente na Croácia. O jornal croata Vecernji afirma que ele passou pelo centro de refugiados de Opatovac. Ali, aparentemente, sua pista administrativa se perdeu.

Os passaportes sírios são fáceis de falsificar e garantem obter asilo com muito mais facilidade que outros documentos. Diferentes especialistas, citados pela imprensa francesa, afirmam que um passaporte falso pode custar entre 1.000 e 4.000 euros (de 4.000 a 16.000 reais) dependendo da qualidade. Também afirmam que os traficantes roubam documentos e muitos refugiados para depois revendê-los.

Inicialmente, a imprensa informou que outro passaporte, desta vez egípcio, também tinha sido encontrado no Stade de France. No entanto, a Embaixada do Egito em Paris logo declarou que pertencia a uma vítima e não a um perpetrador dos ataques, Waleed Abdel-Razzak, que está internado, em estado grave, no hospital de Clichy.

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