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Colômbia elege gestores do pós-conflito

Pleito revelará governantes que administrarão primeiros anos após possível acordo de paz

Javier Lafuente
Os candidatos à prefeitura de Bogotá em um debate.
Os candidatos à prefeitura de Bogotá em um debate.DIEGO VEGA (EFE)

Os colombianos elegem neste domingo não só quem deve resolver os problemas cotidianos como a mobilidade, a insegurança, a rotina das cidades e departamentos do país. Os prefeitos e governadores escolhidos pelas urnas serão, também e sobretudo, os encarregados de administrar os primeiros anos do pós-conflito, um cenário ainda inédito para o país em sua história recente e que chega em um momento de desaceleração econômica.

Estas são as primeiras eleições regionais desde novembro de 2012, quando foi criada em Havana a mesa de negociações entre o Governo e as FARC. Os avanços no processo de paz, especialmente o acordo de justiça alcançado em setembro deste ano, e o fato de que há um prazo para fechar um pacto definitivo —23 de março de 2016— trazem otimismo para 2016. Quando os prefeitos e governadores assumirem o cargo em 1o de janeiro, faltarão menos de três meses para uma hipotética assinatura de um acordo de paz, colocando assim um ponto final em um conflito armado de mais de cincodécadas, que deixou mais de 220.000 mortos e afetou quase oito milhões de pessoas.

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O novo mapa político que surgirá neste domingo será crucial, especialmente nas regiões mais atingidas pelo conflito. Nesses locais, prefeitos e governadores deverão enfrentar a realidade mais complicada de um país assolado pela violência e pela injustiça, com altos níveis de corrupção. Além disso, a partir do ano que vem todos os orçamentos terão como foco políticas de desenvolvimento para o pós-conflito. A nível federal, o Governo prevê gastos de 3,44 bilhões de dólares (13,34 bilhões de reais) e estima que, na próxima década, serão necessários cerca de 31,06 bilhões de dólares (120,3 bilhões de reais).

Outro aspecto fundamental a ser revelado pelas eleições atuais será o nível de desgaste após cinco anos da Unidade Nacional, a coalizão —Partido de la U, Cambio Radical e Partido Liberal— que levou Juan Manuel Santos à presidência, já que os partidos disputam a corrida eleitoral de forma independente, podendo causar possíveis rachas.

O grande beneficiado por essa divisão poderia ser o principal partido da oposição, o Centro Democrático, fundado em janeiro de 2013 pelo ex-presidente Álvaro Uribe, o mais forte opositor do processo de paz liderado por quem foi seu ex-ministro da Defesa durante os últimos grandes golpes da guerrilha.

Senador desde as eleições presidenciais do ano passado, Uribe tenta de todas as maneiras enfraquecer o poder local de Santos com o argumento de que o país tornou-se mais inseguro.

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