Câmara vira palco de bate-boca entre opositores de Cunha e Dilma
Entrevista do peemedebista é interrompida por gritos de militantes
As trocas de farpas entre o presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), e a presidenta Dilma Rousseff (PT) chegaram a parte de seus apoiadores. Depois de um criticar o outro publicamente desde o início da semana, militantes que participavam de atos distintos na Câmara discutiram no meio do salão verde da Casa na tarde desta quarta-feira enquanto Cunha concedia uma entrevista coletiva.
Primeiro foram os esparsos gritos de Fora Cunha, seguidos pelos que pediam a devolução do dinheiro que está em bancos no exterior e sucedidos dos que o mandavam embora para Suíça. Depois, quase em uníssono um grupo de cerca de 40 pessoas que assistiam a um ato coordenado pelo PSOL e por alguns parlamentares independentes, como Luiza Erundina (PSB-SP) e Jarbas Vasconcelos (PMDB-PE), aumentaram o tom da gritaria e inviabilizaram a continuidade de uma trivial entrevista coletiva que era concedida por Cunha.
Em resposta, alguns dos militantes que haviam ido ao Congresso Nacional para apoiar a entrega de mais um pedido de impeachment contra a presidenta, gritavam Fora Dilma. Constrangido e sem conseguir ouvir o que os repórteres lhe perguntavam, Cunha deixou o local e seguiu para o plenário protegido por seguranças. Os bate-bocas continuaram por quase dez minutos, mas não houve agressões físicas, apesar do clima tenso.
O grupo que pedia a cassação de Cunha estava na Câmara exatamente para criticar o PMDB que o homenageou com a fixação de uma foto na galeria dos líderes do seu partido. Liderados pelo deputado Chico Alencar (PSOL-RJ), os militantes seguravam uma faixa com os dizeres “Pequena Galeria da Dignidade Pública”. Era um contraponto à galeria do PMDB que acabava de homenagear Cunha. Entre os agraciados pelos militantes estavam a bióloga Bertha Lutz, o sociólogo Herbert de Sousa (o Betinho), a sanitarista Zilda Arns, o geógrafo Milton Santos, o historiador Joel Rufino, o sociólogo Florestan Fernandes e o sindicalista Chico Mendes.
O deputado Alencar avaliou que o protesto é reflexo do momento atual vivido pela Câmara. “O plenário está anestesiado. Está sofrendo de normose, que é uma doença em que se acha que tudo é normal, que uma situação grave é normal. Tudo está contaminado pela situação do presidente. Felizmente, algumas pessoas fora do plenário estão reagindo”, disse.
Já o deputado Vasconcelos disse que os deboches de Cunha contra Dilma e a reação dela resultaram no protesto desta quarta-feira. “Cunha não tem legitimidade para presidir o processo de impeachment. Enquanto ele não cair, a Dilma não cai”, afirmou ele, que defende a cassação do primeiro e o impeachment da segunda.
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