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Obama estuda ajustes pela falta de avanços na Síria

Crise de refugiados parece uma questão europeia, distante das disputas partidárias

Marc Bassets
O secretário de imprensa da Casa Branca, Josh Earnest.
O secretário de imprensa da Casa Branca, Josh Earnest.Andrew Harnik (AP)

De Irã a Cuba, o presidente Barack Obama vai conquistando sucessos em sua política internacional. A Síria é um caso diferente. A guerra civil neste país ameaça se tornar um borrão de sua presidência. Entre o regime de Bashar al-Assad e os jihadistas, o presidente democrata não consegue encontrar uma solução adequada para acabar com o sangramento. O Governo de Obama estuda ajustes na estratégia militar e a possibilidade de receber mais refugiados.

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A crise dos refugiados, vista dos EUA, parece uma questão europeia, distante das discussões partidárias e das prioridades do Governo de Obama. O debate, na campanha para a Casa Branca, não se preocupa com a recepção de mais ou menos refugiados, mas se devem fechar ou não a fronteira com o México para impedir a entrada de imigrantes. E, quando nestes dias o Oriente Médio é mencionado em Washington, não é a Síria o país discutido, mas o Irã. Quer dizer, o principal protetor, juntamente com a Rússia, do regime de Bashar al-Assad, inimigo teórico dos EUA e aliado de facto na luta contra os jihadistas do Estado Islâmico.

Um dos momentos mais difíceis da presidência Obama ocorreu em setembro de 2013. O presidente já estava pedindo a saída de Assad há algum tempo e ameaçando com uma intervenção se ele usasse armas químicas. Assad, de acordo com a inteligência dos EUA, cruzou a linha vermelha naquele verão com um ataque na periferia de Damasco. Tudo estava pronto para o bombardeio norte-americano. Obama suspendeu a operação no último momento.

Aquela decisão, de acordo com alguns defensores do presidente, evitou colocar os EUA em uma guerra sem bons ou maus. Derrubar Assad naquele momento teria aberto o caminho para os jihadistas. Em vez disso, respondem os críticos: a indecisão do presidente deixou os rebeldes desamparados e permitiu a ascensão do Estado Islâmico.

“O presidente Obama poderia ter feito muito, há três anos, mas a situação está piorando e as opções para fazer algo útil só diminuem”, disse a EL PAÍS Paul Wolfowitz, número dois do Pentágono durante a guerra do Iraque e influente neoconservador. “Quando deixar o cargo, a Síria será um país completamente destruído e quem for o herdeiro terá muitas dificuldades”, acrescenta. “Os maus estão dos dois lados porque não há outro lugar para ir”, continua. “Ninguém está lutando pelos sírios. Os norte-americanos não ajudam os que lutam. A escolha é entre Assad e os outros assassinos, assim permitimos que ficassem sem escolha”.

Treinamento de rebeldes

A posição de Wolfowitz não é exclusiva da direita. Embora mais suave, a candidata democrata à Casa Branca Hillary Clinton lembrou alguns dias atrás, em uma entrevista na televisão, como, durante seu mandato como secretária de Estado, defendeu uma política mais dura contra Assad.

As opções, como diz Wolfowitz, são limitadas. Além dos bombardeios, os EUA têm um plano para treinar e equipar os rebeldes moderados, mas apenas 54 militantes passaram pelos testes. O Pentágono estuda ampliar a ajuda. O Departamento de Estado também estuda como receber mais sírios que fogem da guerra. Uma tentativa no Congresso para receber 65.000 encontrou o não de destacados republicanos. Disseram que isso abriria a porta à infiltração de terroristas. A guerra na Síria deixou quatro milhões de refugiados. Os EUA receberam 1.500 pessoas.

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