_
_
_
_

Conservadores mudarão o Tribunal Constitucional para punir a Catalunha

Partido que governa a Espanha quer multas ou suspensão dos que descumprem sentenças

O candidato do PP na Catalunha, durante reunião de trabalho com o grupo parlamentar.Foto: atlas | Vídeo: Atlas / Claudio Álvarez
María Fabra

O Partido Popular espanhol apresentou nesta terça-feira no Congresso um projeto de lei de reforma do Tribunal Constitucional para permitir que esta instância judicial multe e até mesmo suspenda os funcionários e governantes que não cumprirem suas sentenças e decisões, iniciativa que, embora aplicável a todas as Administrações, foi pensada para um possível cenário de declaração unilateral de independência da Catalunha. O PP deseja que a reforma tramite em regime de urgência para evitar que o Poder Judiciário, o Conselho de Estado e o Conselho Fiscal tenham de se pronunciar de maneira obrigatória.

Mais informações
Editorial: Prêmio à xenofobia
Derrota da direita espanhola castiga uma geração de políticos
Eleição espanhola define se partidos fazem alianças ou avançam sozinhos

O projeto de lei foi registrado no Congresso pelo porta-voz do PP, Rafael Hernando, e pelo candidato do PPC (Partido Popular da Catalunha) às eleições catalãs de 27 de setembro, Xavier García Albiol, que participou da reunião do grupo parlamentar mesmo não pertencendo a ele. “A brincadeira acabou”, disse o candidato catalão. O fato de que a reforma tenha sido pensada especificamente para a Catalunha é revelado na própria exposição de motivos da proposta, que indica que o Tribunal poderá impor multas coercitivas, decidir a suspensão de autoridades e funcionários públicos responsáveis pelo descumprimento, e solicitar ao Governo da Nação, ainda em funções, a execução substitutiva.

Os prazos previstos pelo PP para a tramitação da iniciativa indicam o dia 17 como a data para a apreciação da proposta para ser aprovada, previsivelmente, em 29 de setembro, após as eleições catalãs.

Como indicou Hernando, a reforma proposta foi inspirada no sistema alemão e austríaco. Além disso, ele também afirmou que o momento requeria ação porque “há quatro anos não havia uma situação como esta em que concorrem juntos aqueles que dizem querer romper a Espanha em uma lista”.

Em sua exposição de motivos, o PP considera que o Tribunal Constitucional dispõe de instrumentos adequados para garantir a aplicação de suas resoluções, mas tem como objetivo “desenvolver os instrumentos necessários para que a garantia de efetividade [do tribunal] seja efetiva”.

Embora o Senado ainda esteja debatendo a reforma da Lei do Tribunal Constitucional para recuperar o recurso prévio de inconstitucionalidade diante das reformas estatutárias, o PP apresentou esta outra reforma separadamente, mas com a ideia de aprová-la antes da dissolução das Câmaras.

De acordo com os planos do Partido Popular, o projeto de lei tramitará no Congresso em regime de urgência (reduzindo todos os prazos) e em leitura única (sem passar por apresentação ou comissão). García Albiol disse que o projeto é a “garantia de que ninguém poderá descumprir as decisões do Constitucional e é uma mensagem muito clara” para aqueles que querem separar a Catalunha do resto da Espanha.

A proposta está sendo examinada pelo Plenário dos Orçamentos Gerais, de onde irá para o Senado com tempo para a aprovação definitiva antes da convocação das eleições gerais.

Reações

PSOE

“Mariano Rajoy legisla para a extrema direita de seu partido”. Com essa contundência reagiu Pedro Sánchez, secretário-geral do PSOE, à reforma da lei do Tribunal Constitucional lançada pelo PP. “Isso demonstra a incapacidade política do Sr. Rajoy. Ele volta a instrumentalizar, com fins eleitorais, as instituições que deveriam servir o interesse geral. Fala muito sobre a Espanha, mas gosta pouco dela e mal a defende”, disse o líder socialista, em Lima (Peru), onde está em viagem de trabalho. Antes, o PSOE havia qualificado a medida de “desleal”, “irresponsável”, “desnecessária” e “unilateral”.

Pablo Iglesias

“Se estamos falando da estrutura territorial do Estado, pensamos que é preciso apostar na irmandade e na fraternidade dos diferentes povos que compõem um país, que entendemos como plurinacional”, disse o líder do Podemos.

Artur Mas, presidente da Catalunha

“O partido que governa o Estado espanhol neste momento, com maioria absoluta, planeja atacar o Estado de direito –do qual se vangloria continuamente. E agora, o que eles pretendem é simplesmente atribuir ao Tribunal Constitucional funções que não lhe pertencem, para que possa chegar a destituir determinados cargos públicos. Acredito que estão pensando em mim”.

Tu suscripción se está usando en otro dispositivo

¿Quieres añadir otro usuario a tu suscripción?

Si continúas leyendo en este dispositivo, no se podrá leer en el otro.

¿Por qué estás viendo esto?

Flecha

Tu suscripción se está usando en otro dispositivo y solo puedes acceder a EL PAÍS desde un dispositivo a la vez.

Si quieres compartir tu cuenta, cambia tu suscripción a la modalidad Premium, así podrás añadir otro usuario. Cada uno accederá con su propia cuenta de email, lo que os permitirá personalizar vuestra experiencia en EL PAÍS.

En el caso de no saber quién está usando tu cuenta, te recomendamos cambiar tu contraseña aquí.

Si decides continuar compartiendo tu cuenta, este mensaje se mostrará en tu dispositivo y en el de la otra persona que está usando tu cuenta de forma indefinida, afectando a tu experiencia de lectura. Puedes consultar aquí los términos y condiciones de la suscripción digital.

Arquivado Em

Recomendaciones EL PAÍS
Recomendaciones EL PAÍS
_
_