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A discussão sobre a CPMF afasta um pouco mais Temer da presidenta

Em plena crise, vice-presidente fez críticas públicas às decisões de Dilma Rousseff

Carla Jiménez
Michel Temer fala em um foro econômico em Sao Paulo.
Michel Temer fala em um foro econômico em Sao Paulo.AP

O vice-presidente Michel Temer deixou de lado sua habitual ponderação para se queixar em público de algumas medidas tomadas pelo Governo. Nesta segunda-feira, Temer fez críticas ao projeto de recriação da CPMF, defendida pelo Governo na semana passada. “A sociedade não aplaude a volta repentina de um imposto”, disse Temer, durante um encontro de empresários e executivos em São Paulo, no Fórum da revista Exame.

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As reações negativas a um novo tributo em plena recessão já haviam feito com que a presidenta retrocedesse e não apresentasse essa proposta ao Congresso. Sem poder contar com as receitas que viriam dessa cobrança extra, o Governo apresentou nesta segunda-feira a proposta para o orçamento de 2016 admitindo um déficit de cerca de 30 bilhões de reais, algo inédito no Brasil. Temer admitiu que o déficit era “extremamente preocupante”.

Mas reconheceu que era uma maneira de demonstrar transparência – algo que faltou ao primeiro Governo de Rousseff, com gastos públicos excedentes que foram administrados por meio de manobras (batizadas de “maquiagem” financeira pela imprensa brasileira) que hoje podem abrir caminho para um processo de impeachment. “O orçamento está sendo feito assim [com déficit] para registrar a transparência absoluta das questões orçamentárias. Ou seja, não há maquiagem nas contas”, disse o vice.

Desde que a crise política se instalou no Palácio do Planalto, cada gesto de Temer é interpretado como um passo para distanciar-se do PT. Na semana passada, o vice anunciou que deixaria de ser a interface no Congresso, uma tarefa que assumiu em abril a pedido da presidenta, cansada das derrotas dos projetos apresentados na Casa. Disse, no entanto, que seguiria leal a Rousseff. Seja como for, ele se sentiu mais confortável para dar seus recados à mandatária em público.

Durante a conversa desta segunda-feira com empresários, disse que o Governo trata de fazer o que for possível, e que pode cometer erros. “Acho que quando alguém se engana o melhor é confessar o erro. Uma pessoa não pode enganar-se e dizer que não se enganou”, disse Temer, uma semana depois que a presidenta afirmou, em uma entrevista, que seu erro foi não se dar conta logo da gravidade da crise econômica que pôs o país em recessão este ano.

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