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Temer jura lealdade a Dilma, mas teste virá de votações no Congresso

Vice-presidente reúne deputados para enviar mensagem de que segue com Planalto

Temer e Rousseff em evento em Brasília.
Temer e Rousseff em evento em Brasília.EFE

Um dia após se afastar do dia a dia da coordenação política do Governo Rousseff, o vice-presidente, Michel Temer reuniu um grupo de 12 deputados federais e três ministros em seu gabinete, no Palácio do Planalto, para discutir as pautas prioritárias para a gestão petista no Congresso Nacional. A intenção foi enviar a mensagem de que ele segue leal ao Planalto, renega a possibilidade de impeachment, e que apenas saiu do “varejo” da articulação política.

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“Passamos essa primeira fase do ajuste fiscal, onde o Governo teve as vitórias necessárias e estamos em uma segunda fase da coordenação política, na qual eu me encontro. É exatamente naquela em que vamos continuar trabalhando na relação com o Congresso Nacional, na relação com o Judiciário, na relação com os Estados”, afirmou.

A saída parcial de Temer da articulação política foi uma solução intermediária a para não desagradar nem o Governo Dilma nem o seu partido, o PMDB. “Dentro do PMDB há alguns que querem que eu deixe e outros que continue. Entendi que, tento responsabilidade com o país, não posso deixá-la de uma vez”, afirmou.

A admissão do vice de que sofre pressões de sua sigla para abandonar o Governo mantém o halo de incertezas em torno da capacidade da presidenta de lidar com a crise. Para analistas e operadores do mercado, o vice-presidente e o ministro da Fazenda, Joaquim Levy, são os fiadores do Planalto e, sem eles, a situação ficaria ainda mais frágil.

Na prática, o vice-presidente deixará de negociar cargos e emendas parlamentares, deixando essa função para o ministro da Aviação Civil e seu braço-direito, Eliseu Padilha. A função caberia ao ministro da Secretaria das Relações Institucionais, mas desde abril a pasta está acéfala e Temer estava acumulando as funções com o auxílio de Padilha. Com a reforma administrativa anunciada nesta segunda, esse ministério pode ser extinto até o fim de setembro e suas atribuições migrariam para a Casa Civil, hoje gerida por Aloizio Mercadante.

Assédio e impeachment

Mesmo assediado pela oposição, o vice reafirmou nesta terça que não vê nenhuma possibilidade de impeachment da petista. “Sempre tenho dito e repetido ao longo do tempo que qualquer possibilidade de impeachment será impensável”, declarou.

A declaração visa dissuadir, ao menos publicamente, os acenos dos oposicionistas que começaram quando Temer deu uma declaração à imprensa afirmando que alguém precisaria reunificar o país. Na ocasião, ele fazia um apelo aos deputados federais para não votarem a favor das pautas-bombas levadas ao plenário da Câmara pelo presidente da Casa, Eduardo Cunha (PMDB-RJ).

Entre os que defendiam o afastamento da gestão petista está Cunha, inimigo declarado do Planalto. Já a ala que defende a manutenção é liderada pelo presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL). Em novembro, o PMDB deverá se reunir em sua convenção nacional para discutir, entre outros assuntos, se continua ou não dando suporte ao Governo Rousseff. Nas eleições do ano passado, 41% dos delegados do partido foram contra a coligação com o PT. Esse grupo é um dos responsáveis pelas diversas derrotas que Rousseff teve no Congresso. São eles que, agora, querem antecipar a realização do encontro nacional.

Seja qual for o resultado na queda de braço do PMDB, o mais provável é que a sigla siga dando sustos no Governo, apesar de Temer dizer que não imagina que sofrerá defecções de sua bancada. O resultado da reunião desta terça convocada pelo vice só se saberá depois das próximas votações do Legislativo.

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