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Dez esperanças para a Rio 2016

Brasil cumpriu seu objetivo de figurar em terceiro lugar nas medalhas do Pan-americano

Thiago Pereira, no Pan-americano.
Thiago Pereira, no Pan-americano.Schumacher (USA Today Sports)

Embora no total de medalhas o Brasil não tenha superado os resultados de 2011, as autoridades consideraram que foi atingido o objetivo de figurar em terceiro lugar no quadro de medalhas dos Jogos Pan-Americanos, a última grande competição antes das Olimpíadas do Rio em 2016. O Comitê Olímpico Brasileiro (COB) mantém seu ambicioso desafio de terminar os Jogos do Rio de Janeiro entre os dez primeiros colocados (no total de medalhas): uma empreitada heroica, pois significa quase duplicar as 17 medalhas obtidas nos Jogos de Londres 2012, recorde histórico que rendeu ao país o 14º lugar.

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O nadador Thiago Pereira deixou Toronto como o novo “rei” dos Jogos depois de ter conquistado sua medalha número 23 na competição, uma a mais que o recorde do ginasta cubano Erick López. “É um exemplo para as nossas crianças”, disse no domingo “com muito orgulho” a presidenta Dilma Rousseff por meio de uma nota de congratulação coletiva. “Faço uma homenagem especial aos nossos atletas, que mostraram força e determinação no Canadá (...). Nossa alegria se torna ainda maior porque pudemos ajudar a construir o caminho em direção às medalhas”, disse ela depois de observar que 121 das 141 medalhas foram obtidas por atletas ou equipes que recebem subvenções do Ministério do Esporte.

Apesar do interesse relativamente pequeno da população, os Jogos Pan-Americanos têm grande relevância para os atletas não só porque essa competição determina a classificação em 15 modalidades, como porque os atletas que ganham medalha um ano antes dos Jogos Olímpicos geralmente apresentam um bom rendimento no evento. De acordo com um cálculo feito pelo portal UOL, desde 1951, quando o primeiro Pan da história foi disputado, quase 80% dos medalhistas olímpicos brasileiros ganharam previamente uma medalha continental. Estes são os dez campeões de Toronto com esperanças de medalha nas Olimpíadas do Rio, daqui a um ano:

Arthur Zanetti, ginástica

Thiago Pereira ostenta há alguns dias o título de máximo campeão da história dos Jogos Pan-americanos

Foi o primeiro medalhista brasileiro em ginástica artística (Londres 2012), nas argolas, sua especialidade. Campeão mundial de 2013 e uma das grandes figuras do mundo em seu esporte, este paulista de 25 anos e 1,56 metro de altura voltou a ganhar o ouro nos Jogos Pan-Americanos de Toronto e também ganhou a medalha de prata por equipes. Zanetti conseguiu evitar lesões desde que destronou o campeão chinês Yibing Chen há três anos, em North Greenwich, e passou a dominar a especialidade; é um candidato evidente para obter a segunda medalha latino-americana (não só brasileira) na história da ginástica olímpica.

Isaquias Queiroz, canoagem

Este baiano de 21 anos aspira a ser uma das grandes estrelas do esportismo brasileiro. Perdeu um rim num acidente quando era criança, mas se tornou um exemplo nacional de superação e em Toronto acrescentou ao currículo três medalhas de ouro no C1 1.000 metros, no C2 1.000 metros e no C1 200 metros. Foi o primeiro brasileiro campeão mundial júnior e no Campeonato Mundial de Canoagem de 2013 ganhou o bronze na prova olímpica dos 1.000 metros (a primeira medalha “verde e amarela” na história do torneio). Em seguida, no mesmo campeonato, ganhou o ouro na disciplina não olímpica do C1 500 metros. Repetiu a proeza um ano depois, com uma medalha de bronze na categoria C2 200 metros. No domingo, foi explicitamente mencionado por Dilma Rousseff como exemplo do esporte brasileiro e é um sério candidato à medalha no Rio.

Tiago Camilo, judô

Robert Scheidt é o maior medalhista olímpico do Brasil e vai querer se despedir com um ouro aos 43 anos

Um dos dez esportes mais praticados no Brasil, o judô desperta grandes esperanças com vistas a 2016. Depois de ganhar do vice-campeão olímpico, o cubano Asley González, Camilo conquistou há poucos dias o tricampeonato Pan-Americano no Canadá, feito inédito no judô brasileiro, e criou muitas expectativas em relação à obtenção de uma nova medalha olímpica (foi prata em Sydney e bronze em Pequim) no Rio de Janeiro, cidade onde se tornou campeão do mundo em 2007, vencendo todos os adversários por ippon. Outros judocas como Mayra Aguiar, Rafael Silva, Érika Miranda, Charles Chibana e Rafaela Silva alimentam a esperança de mais medalhas brasileiras em artes marciais, apesar da ausência do caratê, modalidade em que o Brasil também obteve duas medalhas de ouro no Pan-Americano.

Fabiana Murer, salto com vara

Criticada pela decepcionante atuação nos Jogos Olímpicos de 2008 e de 2012, campeã do mundo em 2010 (indoor) e em 2011 (primeira medalha de ouro do Brasil na história do evento), 2014 foi o ano da recuperação dessa atleta talentosa e irregular, uma das vencedoras da Liga Diamante, que tem um recorde pessoal de 4,85 metros. Prata em Toronto, poucas atletas terão mais vontade de se recuperar no Rio de Janeiro do que esta saltadora de 34 anos, segunda no ranking mundial, com chance de se afirmar definitivamente diante do seu público nos Jogos Olímpicos.

Robert Scheidt, vela

Maior medalhista olímpico brasileiro (duas de ouro, duas de prata e uma de bronze em cinco Jogos Olímpicos), Scheidt vai querer se despedir com um ouro aos 43 anos e provou estar em forma ao ganhar a prata na classe Laser, ficando a um passo do tetracampeonato pan-americano. Scheidt chegou ao último dia três posições à frente do guatemalteco Juan Maegli Agüero, mas terminou com 47 pontos perdidos, oito a mais do que o rival. Continua sendo o porta-bandeira da vela brasileira, provável manancial de medalhas olímpicas se acrescentarmos os nomes de Martine Grael e Kahena Kunze, ambas medalhistas de prata na categoria 49erFX no Canadá.

Thiago Pereira, natação

O “Mr. Pan” (nascido em Volta Redonda, em 1986) ostenta há poucos dias o título de maior campeão na história dos Jogos Pan-Americanos e estará no Rio de Janeiro como uma das maiores esperanças brasileiras depois de ganhar cinco medalhas em Toronto. Foi medalhista de prata em Londres 2012 (onde também ficou em quarto lugar) e chegou a ter o recorde mundial de piscina curta nos 200 metros medley. Depois de ser coroado como “Mr. Pan”, fez apelos à união dos atletas brasileiros e à importância do coletivo diante das metas individuais como receita para o sucesso nos Jogos Olímpicos, onde a natação brasileira apresentará um elenco notável: além de César Cielo, ausente nos Jogos Pan-Americanos, participarão, por exemplo, João de Lucca (três medalhas de ouro em Toronto) e Etiene Medeiros, a primeira nadadora brasileira a conquistar o primeiro lugar no pódio em Pan-Americanos. Apenas os Estados Unidos superaram a natação brasileira no Canadá.

Felipe França, natação

Arthur Zanetti foi o primeiro medalhista brasileiro em ginástica artística 

Menção especial para este nadador de 28 anos que treina no Corinthians. Ouro nos 100 metros peito e no revezamento 4x100 medley, Felipe França é nome de consenso na imprensa e entre seus técnicos como promessa de medalha nos Jogos Olímpicos. Ao contrário de outros colegas com medalha cujos tempos na final não dariam, em princípio, para lutar por uma medalha no Rio, seu tempo em Toronto, 59s21, teria rendido uma medalha de bronze em Londres 2012. No último Mundial de piscina curta, realizado em Doha em dezembro de 2014, conseguiu cinco ouros.

Yane Marques, pentatlo moderno

A pernambucana Yane Marques, personalidade do atletismo brasileiro, ganhou o ouro no Canadá e é uma das favoritas para ao menos repetir o bronze conquistado em Londres 2012 (única medalha olímpica latino-americana na especialidade). Sua progressão parece difícil de conter: prata e bronze nos Mundiais de 2013 e 2015, respectivamente, a atleta terá 32 anos nas Olimpíadas do Rio e tentará coroar a carreira depois do ouro destes Jogos Pan-Americanos. Ela já derrotou as duas últimas campeãs olímpicas, a lituana Laura Asadauskaite e a alemã Lena Schöneborn.

Ana Sátila, canoagem

Depois de treinar na Europa e na Austrália por causa da falta de chuvas no Brasil, essa campeã mato-grossense de 19 anos conquistou o ouro na prova de canoa feminina e a prata na prova de caiaque (prova olímpica), sendo superada pela canadense Jazmyne Denhollander por apenas 2 centésimos de segundo. Com 16 anos, Sátila foi a atleta mais jovem da delegação brasileira que foi a Londres 2012. Campeã Mundial Júnior de slalom, tornou-se a primeira canoísta brasileira campeã pan-americana e aspira a se tornar uma das melhores do mundo no Rio.

Hugo Calderano, tênis de mesa

Prêmio Brasil Olímpico de melhor atleta escolar em 2009, Hugo Calderano ganhou o respeito definitivamente três anos depois, ao se tornar o primeiro brasileiro a liderar a classificação do Circuito Mundial de Júniores (Sub-18). Em 2014, Calderano estreou na primeira divisão alemã, defendendo o clube Ochsenhausen. Bicampeão latino-americano neste ano em Buenos Aires, ganhou a medalha de ouro individual no Pan-Americano (batendo na final o compatriota Gustavo Tsuboi) e o ouro por equipes. O Brasil, onde o esporte nunca foi tão popular como agora, sonha com uma medalha inédita em casa, embora pareça impossível.

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