Boca é eliminado da Libertadores, mas recebe uma sanção branda
Equipe argentina jogará quatro partidas internacionais com portões fechados


Não foi a punição exemplar que a torcida do Boca Juniors temia e que muitos na Argentina —inclusive alguns xeneizes— exigiam. O time mais popular do país foi eliminado da Copa Libertadores da América, conforme já se previa, e o River Plate passará automaticamente às quartas de final, sem precisar disputar o segundo tempo do jogo de volta, que foi suspenso após um ataque com gás contra seus atletas. Mas o Boca não sofrerá uma interdição prolongada do seu estádio nem ficará de fora de futuras competições internacionais.
A direção da Conmebol, organismo que comanda o futebol sul-americano, passou o dia reunida na sua sede em Assunção, no Paraguai, e acabou optando pela decisão menos nociva aos interesses do Boca.
O presidente do clube, Daniel Angelici, chegou a viajar a Assunção para tentar convencer a Conmebol a permitir que o resto do jogo fosse disputado com portões fechados, mas essa opção estava descartada de antemão. A imprensa argentina já dava o Boca como eliminado da Libertadores desde a noite de quinta-feira, quando os incidentes na Bombonera chocaram o país e envergonharam os universos do futebol e da política, que são muito interligados na Argentina. Angelici, aliás, é muito próximo do presidenciável Mauricio Macri, que foi presidente do Boca antes de entrar para a política.
Não por acaso, a polêmica já ganhou contornos políticos, e integrantes de facções rivais se acusam mutuamente pelos incidentes.
O Boca já se dava como eliminado, com o River como vencedor da eliminatória, e por isso a expectativa era apenas quanto à sanção que caberia ao time, que foi campeão argentino em 2014 e lidera o torneio neste ano depois de vencer justamente o River em outro clássico, há apenas duas semanas. Especulava-se que o Boca poderia ser punido com um ano de suspensão em competições internacionais, o que não ocorreu.
Pela decisão da Conmebol, o Boca só precisará fechar seu estádio em quatro jogos —uma punição pouco habitual, mas pequena levando-se em conta o escândalo criado— e não poderá vender ingressos aos seus sócios em outros quatro jogos que vier a disputar fora de casa. Além disso, pagará uma multa equivalente a 600.000 reais.
O Boca Juniors poderá disputar a Libertadores no ano que vem se conseguir vaga
As gestões de última hora de Angelici —que a exemplo de Macri também tem ambições políticas, as quais se viram ameaçadas neste caso— permitiram que o Boca Juniores não fosse muito prejudicado. Nos portões da Bombonera, antes da notícia da punição, alguns torcedores já vinham se concentrando para pedir a demissão de Angelici, que por enquanto parece salvar seu cargo.
O assunto teve tamanha repercussão na Argentina que até mesmo alguns torcedores fanáticos do Boca exigiam uma sanção exemplar, que causasse uma reviravolta em todo o futebol argentino, hoje dominado por torcidas organizadas violentas que controlam os negócios ao redor dos estádios e são, além disso, um instrumento político importante, com sua capacidade de mobilização e intimidação, usadas com frequência em disputas internas de partidos e sindicatos.
Nestas 48 horas, formadores de opinião em todos os setores exigiram pulso firme e uma guinada radical para recuperar a essência do futebol, mas a punição limitada não parece ir nessa linha. O Boca poderá disputar a Libertadores do ano que vem se conseguir a vaga dentro de campo.
A competição continental prossegue já sem o Boca. Na quinta-feira, dia 22, o River receberá o Cruzeiro no seu estádio Monumental, em Buenos Aires. A eliminatória decidirá quem passa a semifinais. Um dos jogadores mais afetados pelo gás, Sebastián Driussi, está sofrendo da chamada síndrome meníngea, justamente pelo contato com a substância tóxica, o gás pimenta, que é um veneno caseiro geralmente usado em prisões como método defensivo. Por causa disso, ele poderá ficar afastado da próxima partida contra o time mineiro.
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