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Eleições primárias em Buenos Aires dão fôlego à oposição

O partido de Macri se aproxima de 50% na capital, e o kirchnerismo fica em terceiro

Carlos E. Cué
O candidato presidencial Mauricio Macri, em Buenos Aires.
O candidato presidencial Mauricio Macri, em Buenos Aires.M. B. (REUTERS)

Ao entrar em Buenos Aires pela autoestrada Pan-americana, um pôster saúda os motoristas: “bem-vindos à cidade de todos os argentinos”. Em poucos países, e menos ainda em um como a Argentina, oitavo do planeta em extensão territorial, a capital tem tanta importância. Buenos Aires domina completamente a cena política, cultural e esportiva. Por isso as primárias dessa cidade foram acompanhadas pela imprensa de forma desproporcional, muito mais intensamente que as eleições provinciais onde estava em jogo, teoricamente, mais poder. Esse resultado chave, muito esperado, deu um grande fôlego à oposição com uma vitória esmagadora do partido de Mauricio Macri, a grande alternativa ao peronismo nas eleições de outubro, que se aproximou de 50%.

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Macri, atual prefeito de Buenos Aires que ficou famoso por sua gestão à frente do clube Boca Juniors, estava tão eufórico que até dançou na festa eleitoral de seu partido, diante das câmeras de televisão que transmitiam ao vivo. Não apenas seu partido arrasou. Além disso, seu candidato, Horacio Rodríguez Larreta, ganhou com boa vantagem sobre Gabriela Michetti, a rival interna nas primárias do PRO, com 28,7% contra 19%. Michetti era em princípio mais conhecida e apoiada, mas Macri apostou por Larreta e seus votantes levaram isso em consideração numa clara exibição de poder. “Não tenhamos medo, não nos resignemos, merecemos viver melhor, podemos viver melhor”, disse um Macri exultante.

Quase tão relevante como esse bom resultado para Macri foi o fato de que Martín Lousteau, um jovem político com muita projeção que foi durante alguns meses ministro de Economia de Cristina Fernández de Kirchner, agora opositor ao kirchnerismo a partir de um espaço socialdemocrata, obteve um excelente resultado. Com 60% do escrutínio realizado, o partido de Lousteau conseguia impor-se ao kirchnerismo, que ficava em terceiro lugar com seu líder na cidade, Martín Recalde, presidente das Aerolíneas Argentinas e representante de La Cámpora, o grupo de jovens de máxima confiança da presidenta Cristina Kirchner. Contra todos os prognósticos, o partido de Lousteau ganhou no kirchnerismo com 22,15% contra 18,8%. Essa formação do jovem político tem um pacto com Macri para as presidenciais, de maneira que seus votos se somariam e alcançariam 70% da cidade de Buenos Aires, de três milhões de habitantes.

Esse resultado, somado ao da votação, esta sim definitiva, na província de Neuquén –ao sul, onde ganhou um partido local, o Movimento Popular Neuquino, que governa a província há 50 anos– mostra que a batalha eleitoral, que termina no próximo dia 25 de outubro com as presidenciais, está muito aberta. Em Neuquén, província chave do ponto de vista econômico porque é ali onde está a reserva de Vaca Muerta, uma das maiores do mundo de petróleo e gás não convencional, o kirchnerismo foi o terceiro com 33%.

O que parece claro é que cada um se reforça em seus feudos e na maioria das eleições se está votando pela continuidade dos que já estão a não ser que toda a oposição se una. Estas votações mostram que estar no poder ajuda muito a ganhar as eleições na Argentina, principalmente num momento como o atual, em que as pesquisas detectam certa sensação de bem-estar econômico dos argentinos. De qualquer forma, as coisas estão tão pouco claras que no domingo à noite havia festas eleitorais e entusiasmo em todos os partidos, cada um procurava algo para comemorar.

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