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Felipe González: “Não quero provocar um escândalo em Caracas”

Ex-primeiro-ministro espanhol anuncia que viajará a Venezuela em meados de maio

Felipe González, em março de 2015.
Felipe González, em março de 2015.ULY MARTÍN

O ex-primeiro-ministro da Espanha, Felipe González, tomou nota da declaração de persona non grata sancionada pela Assembleia Nacional da Venezuela, mas espera que essa medida não encoraje o Governo de Nicolás Maduro a impedir sua chegada ao país, prevista para meados de maio.

Em entrevista à rádio venezuelana Unión Radio, o ex-primeiro-ministro deixou claro que segue adiante com seu compromisso de participar como assessor técnico da defesa dos líderes opositores venezuelanos Antonio Ledezma e Leopoldo López, detidos em um presídio militar de Caracas. “Eu espero que a tensão com a Espanha não passe disso e que não haja mais desqualificações. Se o Executivo venezuelano decidir não permitir minha entrada estará violando meus direitos de percorrer esse país. Mas não quero provocar um escândalo, nem farei um espetáculo na fronteira se me barrarem”, advertiu.

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González não demonstrou irritação com a medida tomada pela maioria chavista do Poder Legislativo e negou que sua futura presença na Venezuela possa ser considerada uma ingerência na política interna local. “Eu recorri a uma figura prevista na legislação venezuelana para me juntar à defesa de López e Ledezma. As leis especificam que um assessor técnico externo, que nem sequer tem de ser advogado, pode auxiliar a defesa. Espero ter a oportunidade de visitar os presos e de assistir ao julgamento oral e público”.

O propósito declarado de González contrasta com o comportamento do Governo venezuelano, que tem permitido somente a visita de familiares próximos e advogados dos líderes opositores. No fim de janeiro, os ex-governantes do Chile e da Colômbia, Sebastián Piñera e Andrés Pastrana, tentaram visitar Leopoldo López na penitenciária de Ramo Verde, a meia hora de Caracas, mas a vice-presidência da República os impediu.

"Minha contribuição é uma ação eficaz para defender in situ os direitos de López e Ledezma", afirmou González

“Eu gostaria que a Venezuela compreendesse que estou ajudando do ponto de vista dos direitos humanos duas pessoas que me pedem isso, conforme o estabelecido no ordenamento venezuelano e na legislação internacional nessa matéria. O presidente Maduro tem a legitimidade que dão os votos. Espero que não tenham problemas com a legitimidade do exercício de seu cargo, que é respeitar o pluralismo. Um democrata pode orgulhar-se de ser tal quando defende a liberdade de expressão de quem não pensa como ele”, acrescentou González.

O ex-primeiro-ministro contou que se interessou pelo caso porque em várias ocasiões recebeu as esposas de López e Ledezma, Lilian Tintori e Mitzi Capriles, e se impressionou “com a convicção com que elas defendem as causas de seus maridos”. “Além disso, minha contribuição é uma ação eficaz para defender in situ os direitos de López e Ledezma”. Disse que ao assumir a defesa dos presos políticos venezuelanos está sendo congruente com sua ação política. Recordou que não é a primeira vez que faz gestões similares. Já durante a ditadura de Augusto Pinochet advogou e conseguiu libertar presos por razões políticas. “Para mim a luta pela liberdade é uma prioridade. Não posso trair minha própria biografia”.

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