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Venezuela declara ex-premiê espanhol uma persona ‘non grata’ no país

Ex-primeiro-ministro da Espanha exercer a defesa de dois opositores presos pelo Governo Número dois de Nicolás Maduro também acusa meios de comunicação de difamação

Felipe Gonzalez, durante uma conferência em 12 de abril.
Felipe Gonzalez, durante uma conferência em 12 de abril. EL PAÍS

O Parlamento venezuelano declarou, nesta terça-feira, o ex-chefe de Governo espanhol (ex-primeiro-ministro), Felipe González, uma persona non grata no país. O pronunciamento aconteceu à tarde em Caracas, depois de uma proposta do Partido Comunista da Venezuela (PCV), que faz parte da coligação política que apoia o chavismo no poder. González anunciou em março passado que trabalharia ativamente na defesa de dois líderes da oposição que estão presos, Leopoldo López e Antonio Ledezma, atualmente detidos na prisão militar de Ramo Verde, a 30 quilômetros a sudoeste da capital. Desde esse anúncio, diferentes porta-vozes do Governo venezuelano, incluindo o próprio presidente Nicolás Maduro, atacaram o político espanhol e insinuaram que ele poderia ser impedido de entrar no país.

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Nos últimos dias, a equipe de defensores de Leopoldo López deu a entender que González poderia viajar logo à Venezuela para participar no processo contra o ex-prefeito do município de Chacao e dirigente do partido Vontade Popular. “Só posso dizer que, no momento oportuno, o ex-presidente Felipe González estará na Venezuela, realizará seu trabalho ad honorem como assessor da defesa, como permite o artigo 150 do Código Orgânico de Processo Penal (...) Além das outras missões que Felipe González deve cumprir no território nacional que, esperamos, serão positivas para a libertação de Leopoldo López”, disse na segunda-feira o advogado Juan Carlos Gutiérrez.

A declaração da Assembleia Nacional (AN) não é vinculante para a decisão que for adotada pelas autoridades migratórias, dependentes do Poder Executivo, sobre a permissão para a entrada na Venezuela do ex-chefe de Governo espanhol ou sua expulsão do país. Apesar disso, esta posição votada em plenário pela bancada oficialista dá o tom do que poderia ser a posição definitiva do Governo de Maduro.

Denúncias contra os meios de comunicação

A sessão ordinária do  Parlamento não contou com a presença do presidente da Assembleia, Diosdado Cabello, número dois do oficialismo. Cabello, ex-tenente do Exército, estava, na mesma hora, em um tribunal de Caracas apresentando uma denúncia por difamação contra os jornais El Nacional e TalCual de Caracas, assim como contra o portal de notícias lapatilla.com.

Cabello iniciou na terça-feira essa ação judicial, com a qual ameaçava desde janeiro, quando esses e outros meios publicaram informações enviadas de Washington, segundo as quais um desertor do chavismo, Leamsy Salazar, oficial da Marinha venezuelana que servia como Chefe de Segurança de Cabello, tinha fugido para a capital norte-americana e entrado em um programa de proteção de testemunhas depois de passar informações às autoridades locais. Segundo essas versões, com declarações aos organismos de luta contra o narcotráfico, Salazar estaria incriminando Cabello como chefe do denominado Cartel de los Soles, que domina o tráfico de drogas na Venezuela.

Trata-se da décima denúncia acumulada contra o jornal TalCual, que deixou de circular como impresso no mês de março, por parte de autoridades governamentais. O jornal é dirigido pelo jornalista Teodoro Petkoff, eleito na quinta-feira passada em Madri como vencedor do prêmio Ortega y Gasset de Jornalismo, outorgado por EL PAÍS. Sobre Petkoff já pesa uma proibição de saída da Venezuela, como parte das medidas preventivas impostas por um tribunal que estuda outra denúncia iniciada por Cabello contra o jornal.

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