Maduro acusa Felipe González de “apoiar um golpe” contra o Governo
O ex-premiê espanhol participará da defesa dos opositores venezuelanos presos
O presidente venezuelano, Nicolás Maduro, classificou o ex-premiê espanhol, Felipe González, de “lobista” que teria se incorporado à direção do que Maduro chamou de “eixo Madri-Bogotá” que conspira contra a revolução bolivariana. “González passou a apoiar abertamente o golpe contra a Venezuela, o golpe contra mim”, afirmou.
As palavras do mandatário venezuelano foram registradas durante a emissão do programa En Contacto con Maduro que é transmitido todas as terças-feiras à noite por rádio e televisão. Suas referências ao ex-chefe de Governo espanhol acontecem dois dias depois que González divulgou sua decisão de participar da defesa de Leopoldo López e Antonio Ledezma, dois líderes opositores venezuelanos presos na prisão militar de Ramo Verde, nos arredores de Caracas.
Maduro disse que González “foi expulso de Miraflores por Chávez”, em alusão ao palácio que serve de sede da presidência da República na Venezuela. De acordo com Maduro, “em 2005 ou 2006” o ex-chefe de Governo espanhol e líder socialista teria se reunido com o então presidente Hugo Chávez “para propor a venda da Cantv a uma empresa telefônica que González representava”. A Cantv é a principal empresa de telecomunicações da Venezuela, propriedade da norte-americana Verizon até que em 2006 Chávez a estatizou.
Em sua intervenção, cheia de denúncias sobre uma campanha midiática que estaria sendo feita contra seu Governo, Maduro identificou dois “eixos” a partir dos quais estaria sendo impulsionado o confronto contra Caracas: o Bogotá-Miami, a cargo — sempre segundo Maduro — do assessor político venezuelano Juan José Rendón, e o Madri-Bogotá, agora sob a direção de González. “Por um bom salário em euros ele se juntou à campanha a favor dos golpistas”, disse o sucessor de Chávez na presidência da Venezuela, que, para dar verossimilhança a sua versão, lembrou que o ex-premiê recebeu a cidadania colombiana em 2014.
Maduro dedicou boa parte de seu programa a difundir os alcances da campanha de coleta de assinaturas que seu Governo faz na Venezuela para solicitar a Barack Obama a revogação da Ordem Executiva assinada pelo presidente norte-americano em 9 de março na qual impõe sanções de congelamento de bens a sete funcionários venezuelanos que, segundo o Executivo norte-americano, realizaram ataques aos direitos humanos para sufocar os protestos opositores do primeiro semestre de 2014.
FHC se junta à mobilização de González por opositores
O ex-presidente brasileiro Fernando Henrique Cardoso (PSDB, 1995-2002) aceitou o convite para participar da mobilização em defesa dos opositores venezuelanos feito pelo ex-chefe do Governo espanhol Felipe González.
O tucano divulgou nota dizendo que "já passa da hora" de Governos democráticos da região protestarem contra "abusos". Segundo a assessoria do Instituto FHC em São Paulo, o ex-presidente não deve atuar diretamente no caso por não ser advogado.
A participação ativa de tucano engrossa as críticas da oposição e de observadores à suposta leniência do Governo Dilma Rousseff com a crise venezuelana. O Brasil integra o trio de chanceleres formado pela Unasul para mediar a situação em Caracas.
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