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Michelle Bachelet: “Não penso em renunciar, de modo algum”

Socialista descarta a possibilidade de deixar a Presidência do Chile em meio à crise política

Bachelet durante sua reunião com o ministro de Fazenda.
Bachelet durante sua reunião com o ministro de Fazenda.presidencia de chile

A presidenta chilena, Michelle Bachelet, reagiu às versões sobre uma possível renúncia em meio à crise política mais profunda das últimas décadas no Chile, provocada pela explosão de escândalos investigados pela Procuradoria sobre financiamento irregular de campanhas de diferentes setores e os negócios milionários de seu primogênito e nora. “Não pensei em renunciar nem penso em fazê-lo. De modo algum”, afirmou nesta quarta-feira Michelle Bachelet em um encontro com correspondentes estrangeiros no Palácio de la Moneda, sem que lhe tivessem perguntado diretamente sobre esse assunto que nos últimos dias desencadeou uma importante expectativa pública no Chile. “Imaginem (...), isso seria uma ruptura institucional”, afirmou a socialista, que assumiu seu segundo período no poder em março de 2014.

Bachelet não concedia entrevistas desde que no início de fevereiro estourou o caso Caval, o caso de especulação imobiliária ao qual está vinculado o seu filho Sebastián Dávalos e sua nora Natalia Compagnon, mãe de seus dois netos, que depôs durante horas perante o Ministério Público. Em uma investigação que busca eventuais delitos de negociação incompatível e violação de sigilo, Compagnon chegou ao Ministério Público local de Rancagua na condição de imputada, enquanto seu marido deverá prestar depoimento nos próximos dias. O procurador regional Luis Toledo pretende determinar a forma pela qual a empresa Caval, da qual Campagnon detém 50% da sociedade e onde Dávalos atuava como gerente de projetos, levou adiante o negócio em meio da campanha presidencial de 2013, uma operação que contemplava um lucro de 3,8 milhões de dólares (11,8 milhões de reais) para a empresa.

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A socialista, que em consequência do caso Caval sofreu uma perda importante de popularidade, situada em 31%, de acordo com recente pesquisa Adimark, se referiu à reunião que em 6 de novembro de 2013 mantiveram seu filho e sua nora com o vice-presidente do Banco do Chile, Andrónico Luksic, que finalmente concedeu à Caval o empréstimo de 10 milhões de dólares para concretizar a compra e venda de terrenos em Machalí. Uma das principais incógnitas dessa trama é se Bachelet, que na época era ex-presidenta e candidata, estava a par das transações. Até agora vinha dizendo que se inteirou pela imprensa, como declarou em 23 de fevereiro, o que nesta quarta-feira explicou com maior profundidade. “Nunca soube dessa reunião. Nada tive a ver com a reunião, não pedi a reunião, nunca falei com Luksic desde que voltei ao Chile em março de 2013, nunca o vi nem falei com ele até novembro do ano passado, sendo presidenta, sobre a APEC”, disse Bachelet. “A verdade é que não tive nenhum vínculo com nada daquilo. Nem na reunião nem no negócio, em nada disso.”

Bachelet se mostrou preocupada com a imagem externa do Chile, que enfrenta outros escândalos de magnitude: o caso Penta, de suposto financiamento irregular na política, que afeta sobretudo a direita e resultou na prisão preventiva de importantes empresários desde 7 de março, e a conexão Soquimich, a empresa de mineração do ex-genro do ditador Augusto Pinochet, Julio Ponce Lerou, que a Procuradoria investiga por pagamentos irregulares a pessoas e sociedades vinculadas a distintos partidos do espectro político. “Pode ser que haja corrupção no Chile, mas não é generalizada. Nem todo mundo é corrupto em nosso país”, afirmou Bachelet. “Quando há empresários poderosos que estão na cadeia e que estão sendo investigados; quando há familiares da Presidenta que estão sendo investigados para ver se há algum mérito de algo para passar a outro processo, isso demonstra que o Governo não está fazendo nenhum esforço para tapar coisa alguma (...) Aqui não há cidadãos de primeira e de segunda classe.”

Apesar de os partidos políticos de centro-esquerda e da direita buscarem uma solução institucional para sair da crise política, Bachelet descartou a possibilidade de acordos para impedir que continuem sendo investigados os eventuais casos de corrupção e tem afirmado que não está se importando com seus baixos índices de popularidade: “Não me interessa meu nível de popularidade, me interessa o Chile”.

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