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Humorista francês é condenado por apologia ao terrorismo

Ator escreveu no Facebook “Eu me sinto Charlie Coulibaly” após os atentados de Paris

Carlos Yárnoz
Dieudonné, em sua chegada a tribunal de Paris na quinta-feira passada.
Dieudonné, em sua chegada a tribunal de Paris na quinta-feira passada.LOIC VENANCE (AFP)

O humorista francês Dieudonné, conhecido por suas provocações antissemitas, foi condenado nesta quarta-feira a dois meses de prisão por apologia ao terrorismo, mas não terá que cumprir a pena atrás das grades. O artista só será preso se cometer outra infração semelhante em um prazo de cinco anos, segundo estabelece a lei francesa. O ator havia sido julgado há poucos dias por ter postado em sua conta no Facebook a frase “Je me sens Charlie Coulibaly” (Eu me sinto Charlie Coulibaly), juntando os nomes do semanário satírico que foi atacado em janeiro por dois jihadistas e o sobrenome do terrorista que dois dias depois assassinou quatro judeus em um supermercado de Paris.

Dieudonné, que se tornou famoso por fazer durante seus espetáculos a saudação nazista ao contrário, com o braço para baixo, publicou a frase em 11 de janeiro, mesmo dia em que quase quatro milhões de franceses saíram às ruas para se manifestar contra os atentados jihadistas ocorridos em 7 e 9 daquele mês. Dois dias depois da publicação, o humorista foi detido.

Durante o julgamento, o polêmico Dieudonné respondeu com segurança que, longe de querer fazer apologia ao terrorismo, estava tentando lançar “uma mensagem de paz”. “Jesus não teria abraçado tanto Charlie como Coulibaly?”, indagou descaradamente o humorista. Diante do estupor do juiz, Dieudonné argumentou que se sentia Charlie, em defesa da liberdade e expressão, e também Amedy Coulibaly, porque este havia sido “detestado em seu próprio país”.

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O ator não precisará cumprir pena na cadeia, apesar de já acumular oito sentenças ou decisões administrativas contra ele. A mais recente aconteceu no último dia 4, quando os juízes proibiram a comercialização de DVDs com seu espetáculo Le Mur. Várias cidades francesas proibiram a apresentação desse espetáculo.

Nos próximos dias, os juízes vão anunciar outra sentença por um caso de suposto antissemitismo. Em uma de suas representações, Dieudonné fez uma suposta brincadeira sobre o conhecido jornalista de origem judaica Patrick Cohen, da France Inter, e recordou o uso das câmaras de gás. Cohen havia chamado de “cérebro doente” o humorista, que de novo perante o juiz afirmou que só tenta fazer as pessoas rirem acima do “politicamente correto”, e por isso faz piadas sobre judeus, nazistas, negros…

Seu advogado, Jacques Verdier, argumenta em todos os casos que seu cliente se limita a exercer a liberdade de expressão. "A incitação ao ódio e ao antissemitismo é um crime e não tem nada a ver com a liberdade de expressão”, respondeu em janeiro o primeiro-ministro francês, Manuel Valls.

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