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Investigação na Argentina

Ex-mulher de Nisman denuncia que o promotor argentino foi assassinado

Sandra Arroyo diz que as provas que requereu descartam o suicídio

A juíza Sandra Arroyo Salgado, na quinta-feira durante uma entrevista coletiva.
A juíza Sandra Arroyo Salgado, na quinta-feira durante uma entrevista coletiva.David Fernández (EFE)

A ex-mulher do promotor Alberto Nisman, a juíza Sandra Arroyo Salgado, apresentou na quinta-feira supostas provas de que seu ex-marido foi assassinado. “Alberto Nisman foi morto”, disse Arroyo Salgado em uma entrevista coletiva em San Isidro, um subúrbio de Buenos Aires. Ela, em nome das duas filhas (de 8 e 15 anos) que teve com Nisman, e da mãe do promotor, Sara Garfunkel, são querelantes na causa daquele que quatro dias antes de morrer acusou a presidenta da Argentina, Cristina Fernández de Kirchner, de suposto acobertamento dos supostos autores iranianos do atentado contra a Associação Mutual Israelita Argentina (AMIA), em 1994.

Como querelante, Arroyo Salgado organizou uma equipe de peritos que trabalhou no último mês e que hoje entregou sua conclusão à juíza do caso, Fabiana Palmaghini. “O relatório descarta com contundência as hipóteses do acidente e do suicídio”, disse.

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Na equipe de peritos da querela trabalharam dois médicos forenses, um perito em crimes, um psiquiatra e um técnico em informática. Arroyo Salgado explicou que esse grupo se baseou na “análise da evidência do lugar do fato, da operação da autópsia e em perícias complementares”. Detalhou que utilizou “a base de fotos e vídeos feitos pela Prefeitura Naval e pela Polícia Federal no dia em que Nisman foi encontrado sem vida, mais a análise de fotos e vídeos feitos pela análise de fotos da autópsia, aos quais se adicionam relatórios médicos e balísticos realizados por peritos oficiais”.

A ex-mulher de Nisman se queixou de que seus peritos tenham sido impedidos de participar das investigações nas primeiras horas e dias posteriores ao falecimento. Além disso, contradisse a perícia da promotora do caso, Viviana Fein, ao enfatizar que seu ex-marido agonizou, não morreu imediatamente.

“Foi um magnicídio de proporções desconhecidas”, afirmou Arroyo, embora não tenha responsabilizado ninguém em particular pelo suposto crime. “A morte violenta no contexto político e judicial teve grande impacto na institucionalidade da República, além de pôr em causa o papel do Estado diante da comunidade internacional em matéria de terrorismo”, atacou a ex-mulher, uma juíza que anos atrás fora tachada por opositores como inclinada ao kirchnerismo em uma causa contra a proprietária do grupo de comunicação Clarín, Ernestina Herrera de Noble.

Antes de morrer, Nisman tinha denunciado não apenas Kirchner, mas também seu ministro das Relações Exteriores, Héctor Timerman; o deputado e secretário-geral da organização juvenil kirchnerista La Cámpora, Andrés Larroque; o dirigente kirchnerista Luis D'Elía e o líder do Movimento Patriótico Revolucionário Quebracho, Fernando Esteche, entre outros. Um tribunal de apelação está analisando essa denúncia, que foi desprezada por um juiz de primeira instância por considerar que não havia indícios de delito.

O perito que lidera a equipe da ex-mulher do Nisman é o médico forense Osvaldo Raffo. O jornal Clarín, que se opõe ao Governo kirchnerista, destacou na quinta-feira que Raffo “é uma eminência em matéria forense, com mais de 20.000 autópsias”. Por outro lado, semanas atrás, o diário Página 12, próximo do kirchnerismo, recordou que durante a ditadura Raffo examinou, em uma sede policial, o pai de Timerman, que foi sequestrado e torturado pelo regime, e concluiu que “não apresentava sinal algum de violência externa” e era “tratado corretamente”.

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