Presidente do Peru troca cinco ministros em meio a crise política
Ollanta Humala peruano substitui membros importantes de seu gabinete, como o ministro do Interior, para evitar enfraquecimento maior de seu Governo
O presidente do Peru, Ollanta Humala, fez nesta terça-feira mudanças em cinco ministérios, para diminuir a tensão política por que passa o país. A troca mais expressiva se deu no Ministério do Interior, com Daniel Urresti deixando o cargo depois de ter negado na semana passada que a polícia tivesse usado armas de fogo para sufocar um protesto em Pichanaki, na região amazônica. O saldo de um morto a bala e 37 feridos por arma de fogo, número confirmado pelos serviços de saúde, e fotos e vídeos que a população subiu na Internet, derrubaram o político. Esta é a sexta vez que Humala substitui um dos cargos mais importantes do Governo.
A decisão do presidente peruano evita a possível censura do gabinete no plenário em março, quando começa a legislatura no Congresso. Várias bancadas, não apenas o Apra e o fujimorismo, tinham anunciado que coletariam assinaturas para censurar a equipe de Humala. Alguns pediam a saída dos ministros das Minas e Energia e da Justiça, enquanto outros indicavam que a primeira-ministra Ana Jara tinha perdido peso político, porque Urresti atacava grotescamente políticos de oposição e quem mencionasse a falta de realizações em seu setor.
“Estou muito feliz porque finalmente o Apra e o fujimorismo vão participar do diálogo, porque eles impunham como condição a minha cabeça, e agora a têm, assim não têm mais pretexto para não participar”, afirmou Urresti depois de sua destituição.
O general da reserva, no exercício de seu cargo, atuou como um xerife em operações policiais de todos os tamanhos, no afã de mudar a alta percepção de insegurança dos peruanos. Também enfrenta julgamento por sua alegada participação no assassinato do jornalista Hugo Bustíos em 1991, quando era chefe de inteligência de um quartel do Exército. Seu substituto, José Luis Pérez Guadalupe, era chefe do Instituto Nacional Penitenciário desde 2011. Trata-se de um sociólogo doutorado em Criminologia, conhecido pela defesa de valores democráticos e dos direitos humanos.
A administração de Humala tem de 22% a 28% de aprovação em fevereiro, segundo os institutos de pesquisa Ipsos Peru e Datum, enquanto sua esposa, que compartilha decisões de Estado, tem 16% (Ipsos), o índice mais baixo em três anos e meio. Heredia enfrenta uma investigação do Ministério Público por suposta lavagem de ativos entre 2006 e 2009. Uma das pessoas para quem Heredia deu consultoria nesse período é um ex-assessor de Humala, Martín Belaunde Lossio, que está em prisão domiciliar em La Paz devido a suas ligações com uma rede de corrupção no Peru.
Em 2014, Eleodoro Mayorga, o ministro de Minas e Energia que deixa o cargo, respondeu uma saraivada de perguntas no Congresso devido a conflitos de interesse: o funcionário deixou uma firma de advogados especializados em hidrocarbonetos e passou para o setor público, mas enquanto ministro tomou decisão em favor de um ex-cliente. “Tem dificuldade para separar o público do privado”, comentou em agosto o congressista da situação Daniel Abugattás, diante das críticas.
Mayorga conversou na sexta-feira com os manifestantes em Pichanaki, o distrito que bloqueou uma estrada para pedir a saída da empresa Pluspetrol, que explora gás numa concessão feita em 2005. Essa região amazônica é conhecida pela produção de café e desde setembro pedia por vias pacíficas a retirada da empresa. Pichanaki não queria a contaminação provocada pela empresa em duas concessões ao Norte.
“Este contrato, é preciso analisá-lo, vamos pedir à empresa que se vá em três dias”, disse Mayorga a centenas de pessoas que lhe mostravam um saco com cápsulas de balas de diversos calibres que a polícia tinha disparado contra elas em dois dias. Só que ao voltar a Lima, disse outra coisa: “nos contratos não se mexe”, afirmou. Rosa María Ortiz fez o juramento em sua substituição. Ela era desde 2013 chefe do Sistema Nacional de Certificação Ambiental para os Investimentos Sustentáveis.
Também deixou o cargo o ministro da Justiça, Daniel Figallo, questionado desde dezembro por seu interesse nas denúncias contra o ex-assessor de Humala Belaunde Lossio e sua possível atuação como delator premiado, apesar de já haver uma ordem de captura contra ele. Foi substituído pelo ministro do Trabalho Fredy Otárola, um congressista governista.
Outro membro do gabinete de Humala que perdeu legitimidade foi Carmen Omonte, ministra da Mulher: um canal de televisão denunciou em fevereiro que ela não quis pagar benefícios sociais quando dispensou uma empregada doméstica que ficou grávida. A advogada Marcela Huayta assumiu o cargo.
Com as mudanças, o presidente tenta ganhar fôlego para o novo cenário no Legislativo, no qual perdeu a maioria, agora nas mãos do fujimorismo.
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