Novo Congresso se choca com Obama
Política energética leva maioria republicana ao confronto com presidente dos EUA


A nova maioria republicana no Congresso dos Estados Unidos se prepara para as próximas escaramuças com o presidente democrata, Barack Obama. Uma das primeiras votações servirá para autorizar a construção de um oleoduto de mais de 1.900 quilômetros entre o Canadá e o Golfo do México e obrigará Obama a optar entre assinar a lei ou vetá-la.
A jornada inaugural do 114º Congresso também foi nesta terça-feira o cenário das divisões republicanas, em uma legislatura condicionada pelas presidenciais de novembro de 2016. Legisladores do Tea Party apresentaram candidaturas alternativas a John Boehner como speaker, o presidente da Câmara dos Representantes. Boehner, à frente da maioria mais ampla de seu partido em décadas, reconfirmou seu mandato, mas a facção populista do Tea Party demonstrou que mantém sua capacidade para perturbar os planos do establishment mais pragmático.
John Boehner

Rand Paul

A investidura do Congresso é um dos rituais da democracia norte-americana, um dia de festa para celebrar a transferência pacífica do poder. Desta vez coincidiu com a primeira nevasca do ano em Washington. Os congressistas chegam à capital com suas famílias, os veteranos voltam a se cumprimentar e os novatos tomam a medida de suas cadeiras e gabinetes. O vice-presidente Joe Biden, que preside o Senado, tomou o juramento dos senadores recém-eleitos.
Marco Rubio

Os republicanos, que pela primeira vez desde 2006 são majoritários em ambas as Casas do Congresso, e o democrata Obama tomam posições. Obama não se resigna a ser o clássico pato manco: um presidente insignificante, com os pés e as mãos atados por um poder legislativo adverso. A direita se sente legitimada para impor sua agenda, mas vai deparar-se com uma minoria democrata no Senado que pode bloquear suas iniciativas e com um presidente disposto a usar o direito de veto que a Constituição lhe outorga.
Elizabeth Warren

Elizabeth Warren, de 65 anos, é a nova estrela democrata, com o aval de Hillary Clinton. Senadora por Massachusetts desde 2013, Warren lidera a ala esquerda do Partido Democrata, crítica a Wall Street e aos excessos do capitalismo. Seu nome soa como candidata à Casa Branca.
O Congresso que ontem se constituiu é resultado das eleições legislativas de 4 de novembro. Os republicanos, que saíram vencedores, ocupam agora 54 das 100 cadeiras no Senado e 246 das 435 da Câmara de Representantes. Este é o Congresso mais diverso da história, mas continua longe da diversidade de um país em transformação, cada vez mais hispânico: 80% dos congressistas são brancos não hispânicos, 80% são homens e 92%, cristãos.
Mitch McConnell

A prioridade do Partido Republicano é aprovar no Senado e na Câmara de Representantes o projeto Keystone XL, um oleoduto entre o Canadá e o México. O Governo Obama está há seis anos estudando se o autoriza, sob pressão do movimento ambientalista. O atraso na decisão esfriou a relação entre Obama e o primeiro-ministro canadense, o conservador Stephen Harper.
O porta-voz da Casa Branca anunciou ontem mesmo que Obama vetará a lei sobre o Keystone XL se o Congresso a aprovar. É o primeiro enfrentamento na nova etapa, que incide no debate sobre a independência energética e a queda do preço do petróleo. Não será o último.
Os republicanos querem barrar os recursos para a implementação das medidas apresentadas pelo presidente em novembro para a regularização de até cinco milhões de imigrantes ilegais. Também retardarão pela via orçamentária o restabelecimento das relações entre os Estados Unidos e Cuba. Solapar a reforma na saúde – mais um êxito de Obama, como os dois já citados – é outro objetivo.
Um dos âmbitos nos quais é possível o acordo entre o presidente e os republicanos é o dos acordos comerciais com países da Ásia e do Pacífico e com a União Europeia. A legislatura terminará em janeiro de 2017, dias antes da posse do sucessor de Obama. A incógnita é se será tão improdutiva como as recentes ou se a paralisia chegará ao fim.
Os congressistas chegam a Washington e Obama parte. O presidente inicia hoje uma excursão pelos Estados Unidos para vender a melhoria econômica. Os republicanos querem que a recuperação do Capitólio seja o prelúdio do retorno à Casa Branca. Nos próximos dois anos o foco estará mais na campanha para as eleições presidenciais que no Congresso.
Mais informações
Arquivado Em
- Petróleo
- América do Norte
- Combustíveis fósseis
- Barack Obama
- John Boehner
- Tea party
- Joseph Biden
- Partido Republicano EUA
- Partido Democrata EUA
- Associações políticas
- Estados Unidos
- América
- Combustíveis
- Energia não renovável
- Fontes energia
- Energia
- Partidos conservadores
- Conservadores
- Partidos políticos
- Ideologias
- Câmara Representantes Estados Unidos
- Congresso Estados Unidos
- Parlamento
- Política